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Remédios para doença pulmonar em falta na Farmácia do Estado

Pacientes reclamam da falta de Alenia, Spiriva e Indacaterol, que tratam DPCO. MPPE está com inquérito para investigar desabastecimento

Maria José da Silva conseguiu apenas um dos remédiosMaria José da Silva conseguiu apenas um dos remédios - Foto: Mandy Oliver/ Folha de Pernambuco

Pacientes de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPCO) em Pernambuco estão sem receber três drogas que controlam a progressão da enfermidade e infecções oportunistas. A doença, muito relacionada ao tabagismo, é uma condição progressiva e irreversível, conhecida popularmente como enfisema.

Segundo denúncia que está sendo apurada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), as medicações Alenia, Spiriva e Indacaterol não estão sendo dispensadas para os doentes cadastrados para recebê-las no SUS em Pernambuco. Todas estariam em falta nos estoques da Farmácia do Estado. A promotoria de Saúde da Capital já oficiou a Diretoria Geral de Assistência Farmacêutica do governo estadual para que, até o fim de janeiro, informe os prazos de reabastecimento das drogas.

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“Minha mãe é paciente crônica e depende dos remédios para o resto da vida. Quando faltam, até a voz dela vai embora. O médico que acompanha já disse que, se continuar assim, ela vai ter que voltar para o hospital e talvez nem sobreviva”, desabafou Maclébia Santos, 38, sobre a situação da mãe, Leidjane, 60. A paciente estava sem o Alenia e o Spiriva desde setembro de 2017 e, nessa terça-feira (16), conseguiu pegar na Farmácia do Estado as doses do Spiriva.

Assim como Leidjane, Maria Jose, 39, estava desde novembro sem conseguir o Spiriva e também na terça (16) conseguiu a droga para a mãe, Cícera da Silva, 68, mas voltou de mãos vazias e sem perspectivas sobre a entrega do Alenia. “Ela precisa dos dois. O Alenia faz tanto tempo que falta que nem sei dizer quando começou a não ter”, criticou.

O presidente da Associação Brasileira de Portadores de DPCO, Gilberto Pucca, lamentou que os pacientes estejam desassistidos. “Existe um protocolo do Ministério da Saúde que obriga os estados a fornecer o tratamento aos pacientes, mas a maioria dos estados não cumpre e nisso é o paciente quem sofre”, comentou.

Sem acesso aos remédios, o quadro de saúde de alguns deles tende a ser agravado. “Não existe cura, mas o tratamento diminui as exacerbações infecciosas e é importante para melhorar o prognóstico do paciente”, destacou o pneumologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) e professor da Faculdade de Ciências Médicas da UPE, Fernando Queiroga. O médico comentou que a chegada dessas três drogas como opção terapêutica gratuita no SUS melhorou muito as condições dos enfermos, mas que, nos últimos meses, viraramu rotina os relatos de falta das drogas para as pessoas em tratamento.

O pneumologista do Real Hospital Português (RHP) Blancard Torres,também reforça a essencialidade da terapia para conter a rápida progressão da doença. “Sem medicações, o paciente evolui para o óbito com grandes sofrimentos e rapidamente. Os broncodilatadores, como exemplo o Alenia, o Indacaterol e o Spiriva, são alguns dos elementos terapêutico para evitar isso”, comentou.

O especialista destacou que, apesar da abordagem à doença ter que ser multiprofissional, sem a assistência farmacológica é impossível aliviar a falta de ar, semelhante à sensação de afogamento, que os pacientes com DPCO sentem. Torres ainda apontou que a doença está entre as principais causas de morte, especialmente em adultos fumantes e ex-fumantes acima de 40 anos, sendo considerada a segunda causa de óbito entre as doenças respiratórias, só ultrapassada pelas pneumonias.

A Farmácia de Pernambuco informou que possui estoque do brometo de tiotrópio (cujo nome comercial é Spiriva) para cerca de dois meses e que, caso algum paciente tenha algum problema para aquisição, é importante procurar o local para solucionar a situação.

Sobre o formoterol 12MCG + budesonida (cujo nome comercial é Alenia), a instituição aponta que houve atraso do fornecedor para a entrega. Segundo a Farmácia do Estado, a empresa já foi notificada e multada. O remédio foi comprado para um período de 10 meses. Em relação ao Indacaterol, também houve atraso na entrega pelo fornecedor, que alega falta do produto em estoque. A empresa já foi notificada. O fármaco foi adquirido para o período de quase sete meses. A Farmácia continua reiterando a importância da entrega o mais breve possível, contudo não foi dado um prazo para solução dos estoques.

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