Réus agiram "como feras", afirma procurador do caso Thiago Faria
Representante da acusação exibiu fotos do corpo do promotor desfigurado e fez apelação aos jurados
No último dia do julgamento de três dos cinco acusados de envolvimento na morte do promotor Thiago Faria, o procurador da República Fabrício Carrer disse, na noite destas quinta-feira, no Recife, que os réus agiram "como feras" no dia do crime. Ele ainda usou seu tempo de réplica sobre as alegações da defesa para mostrar fotos do corpo desfigurado do promotor e reforçar a tese de culpa dos acusados.
"Isso é bicho e bicho tem que ser enjaulado. Estou aqui não para corrigir o trabalho dos meus colegas, mas colaborar com eles. Estudei de cabo a rabo o processo e tive a convicção de que eles são culpados. Jamais pediríamos aqui, senhores jurados, a condenação de um inocente", disse o procurador, enfaticamente, referindo-se aos três réus julgados. "Hoje, a minha consciência tranquila é pedir a condenação de José Maria [José Maria Pedro Rosendo Barbosa, acusado de ser o mandante do crime], Passarinho [José Marisvaldo Vitor da Silva, acusado de informar o paradeiro do promotor aos executores] e Adeildo [Adeildo Ferreira dos Santos, acusado de envolvimento na morte]. E eu não falo só por mim. Falo por outros 450 promotores de Justiça que estão aqui representados. Eu falo por Thiago. Todo mundo está aqui imbuído do mesmo propósito, que é fazer Justiça", acrescentou.
O procurador mostrou fotos do resultado dos tiros de espingarda calibre 12 no corpo de Thiago Faria, dizendo que seria para os jurados verem o resultado da ação dos réus. Nesse momento, a mãe do promotor, Maria do Carmo Faria, estava fora da sala do júri; o irmão dele Daniel Faria permaneceu no recinto, mas de cabeça baixa para não olhar as imagens. Carrer disse que os réus agiram "como umas feras". "De uma brutalidade fora do comum. Sete tiros. Quatro deles no rosto. A família não teve o direito de se despedir com dignidade, teve que fazer um enterro com caixão fechado", falou.
Fabrício Carrer reforçou que não havia dúvidas da culpabilidade e que todas as provas indicavam que Mysheva Martins, então noiva do promotor, contestada pela defesa dos réus, fala a verdade. Lembrou que já havia uma disputa de 30 anos evolvendo as famílias. "O promotor começou a namorar Mysheva e desequilibrou aquela relação de disputa e foi escolhido para ser eliminado", alegou. Ele falou que o crime foi cometido por motivo torpe e que Thiago não teve chances de se defender - Mysheva e Adautivo Martins, tio dela, que também estavam no carro, conseguiram se salvar "com muita dificuldade". O promotor lembrou que foram sete disparos de espingarda, quatro deles no rosto da vítima.
O procurador disse que os jurados apreciaram as provas durante quatro dias e têm todas as condições de decidir o destino dos réus e o de Mysheva. Que fez a parte dele e estará de consciência tranquila. Que espera que a deles também esteja. Alegou que, se eles absolverem os réus, vão "passar a mensagem de que a pena de morte existe aqui". "O julgamento dos matadores que estão aqui está agora nas mãos de vossas excelências", concluiu, dirigindo-se aos jurados.