Ronaldo Fraga rouba a cena com modelos transexuais na passarela do SPFW
“Foi um ato político”, disse o estilista mineiro
O dia foi de Ronaldo Fraga na São Paulo Fashion Week desta quarta-feira (26). O estilista mineiro roubou a cena na maior semana de moda da América do Sul ao colocar mulheres transexuais na passarela vestindo as suas criações para o outono/inverno 2017, desfiladas em passarela improvisada no Teatro São Pedro, Centro de São Paulo. Ronaldo é conhecido, além das impressionantes criações de moda, pela versatilidade artística, inovação e por sempre levar discussões políticos e culturais às passarelas.
Foto: O desfile terminou com as modelos dançando valsa só de lingerie
Créditos: Eduardo Anizelli/Folhapress
“Foi um ato político”, disse Fraga, que convidou 28 modelos. "Estamos no país onde mais ocorrem assassinatos de transexuais e travestis no mundo. E é papel da moda encampar as discussões da hora, reinventar histórias. A discussão do momento é sobre a questão de gênero", alertou o estilista em entrevista à Folha de S. Paulo.
Foto: Outono/inverno de Ronaldo Fraga traz vestidos inspirados nos anos 1920, 1930 e 1940
Créditos: Eduardo Anizelli/Folhapress
A apresentação começou com a voz de Fraga ecoando nos microfones, contando a história da minoria no Brasil -um dos países que mais matam transexuais no mundo- e explicando a escolha do nome da coleção "El Dia Que Me Quieras", que refere-se a um espaço de resistência ao preconceito, criado pelo estilista Ney Galvão no interior da Bahia nos anos 1970.
Com andar calmo, as mulheres desfilavam vestidos inspirados nos anos 1920, 1930 e 1940. Detalhes como sutiãs propositalmente aparentes davam o tom de protesto às peças com mangas bufantes, babados de renda, comprimento no joelho e corte reto. A apresentação terminou com as modelos dançando valsa só de lingerie. Ronaldo Fraga não conteve a emoção no final do desfile e foi ovacionado enquanto beijava, uma a uma, a mão das modelos.