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Rússia abre inquérito e investiga brasileiros por assédio a estrangeira

Motivo é o constrangimento provocado na Copa da Rússia a uma mulher por um grupo de homens, entre eles o ex-secretário de Turismo de Ipojuca e advogado Diego Jatobá

Se forem considerados culpados, torcedores poderão receber multas ou serem proibidos de  retornar ao paísSe forem considerados culpados, torcedores poderão receber multas ou serem proibidos de retornar ao país - Foto: divulgação

O Ministério do Interior da Rússia acatou a carta denúncia da ativista feminista russa Alyona Popova e abriu um inquérito formal para investigar o grupo de brasileiros que constrangeu uma mulher daquele país em Moscou, num vídeo divulgado na internet. O ex-secretário de Turismo do município de Ipojuca e advogado Diego Jatobá é um dos protagonistas do vídeo.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, em carta enviada ao governo, a ativista reivindicou que os estrangeiros se desculpassem publicamente “diante do sexismo, da falta de respeito às leis da Federação Russa, o desrespeito por um cidadão russo, insultos, humilhação da honra e dignidade de um grupo de pessoas com base em seu gênero.“ Se forem considerados culpados, os brasileiros poderão receber multas e serem proibidos de voltar a entrar em território russo.

Nessa terça (3) no Recife, um grupo de advogadas feministas do Estado protocolou uma representação contra Jatobá na Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Pernambuco (OAB-PE). De acordo com o documento, o ex-secretário “insultou todo o País ao participar de agressão machista contra mulher russa, ao referir-se à cor de sua genitália, aproveitando-se de que ela não compreendia a língua portuguesa. O fato objetifica a mulher e constitui assédio moral, naturalizado a violência de gênero num País em que uma mulher é estuprada a cada uma hora e meia”.

Para advogada Liana Cirne, uma das representantes que assinaram o documento, o caso de assédio na Rússia, que viralizou na internet, se tornou um episódio emblemático e que serviu para que a objetificação da mulher não fosse algo naturalizado. “O caso é emblemático porque ele mostra uma reação firme da sociedade civil em relação à violência de gênero. Esse tipo de agressão moral e verbal que intimida e objetifica a mulher, é muito comum no Brasil. Essa firme reação demonstra que estamos caminhando para uma mudança cultural”, declarou Liana. Claro, que ainda há muito que ser pleiteado na busca pela igualdade de gênero e o respeito à mulher, segundo a advogada. “Por isso a necessidade de cobrar aos advogados que mantenham sua postura conforme código de ética, não apenas no ambiente profissional, mas fora dele. Entendemos que esse código foi violado e entramos com a representação”, completou.

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No dia 18 de junho, após emitir nota de repúdio, a OAB-PE informou, através da Comissão da Mulher Advogada, que o advogado Diego Jatobá seria investigado pelo Tribunal de Ética da Ordem. O processo já está em trâmite, mas corre em sigilo. O assédio, protagonizado também pelo tenente Eduardo Nunes, da Polícia Militar de Santa Catarina, o engenheiro civil piauiense Luciano Gil Mendes Coelho, e o estudante Wallace Padro, ganhou repercussão mundial.
 

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