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Guerra na Ucrânia

Rússia ameaça bombardear Kiev se Ucrânia continuar atacando seu território

Estados Unidos anunciaram nova ajuda militar à Ucrânia

Rússia ameaçou bombardear centros de comando em Kiev e acusou a Ucrânia de atacar posições militares em seu territórioRússia ameaçou bombardear centros de comando em Kiev e acusou a Ucrânia de atacar posições militares em seu território - Foto: Sergei Supinsky/AFP

A Rússia ameaçou nesta quarta-feira (13) bombardear centros de comando em Kiev e acusou a Ucrânia de atacar posições militares em seu território, enquanto os Estados Unidos anunciaram uma nova ajuda militar para o país em guerra.

"Vemos tentativas de sabotagem e bombardeios das forças ucranianas contra posições no território da Federação Russa", declarou o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

"Se isso continuar, os militares russos atacarão centros de tomada de decisão, inclusive em Kiev, o que os militares russos se abstiveram de fazer até agora", acrescentou.

As forças ucranianas retomaram o controle da capital e sua região no final de março e a retirada das tropas russas deu lugar a imagens que comoveram o mundo, como as de dezenas de civis mortos na cidade de Bucha, nos arredores de Kiev.

Desde então, a Rússia concentra sua ofensiva no leste e no sul do país.

A ONU considera que "um cessar-fogo geral" com intuito humanitário "não parece possível atualmente" e segue esperando respostas de Moscou às propostas para a evacuação de civis e o envio de ajuda humanitária às zonas de combate.

Uma dessas regiões é Mariupol, uma cidade estratégica no sudeste da Ucrânia onde morreram pelo menos 20 mil pessoas, segundo autoridades de Kiev.

As forças russas bombardeiam a cidade há mais de 40 dias e, de acordo com a presidência ucraniana, "cerca de 90% das casas" foram destruídas.

"O restante das unidades ucranianas e dos nazistas (do Batalhão) Azov presentes na cidade estão bloqueados e privados da possibilidade de sair do cerco", detalhou Konashenkov.

Grande ajuda militar
Conquistar Mariupol seria uma vitória importante para os russos que consolidariam seus avanços territoriais na costa do Mar de Azov, unindo a região do Donbass, controlada em parte por seus apoiadores, com a Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Sua tomada parece inevitável para alguns especialistas militares, mas depois de mais de seis semanas, as forças ucranianas ainda resistem. 

A batalha se concentra na gigantesca zona industrial da cidade. Nesta quarta-feira, o exército ucraniano indicou no Telegram que os bombardeios russos continuavam, principalmente contra o porto e complexo metalúrgico de Azovstal, reduto das forças ucranianas.

Os jornalistas da AFP que puderam entrar na cidade com as forças russas testemunharam as ruínas carbonizadas de Mariupol.

Rumores, ainda não confirmados, mencionam o uso de armas químicas por parte das forças russas.

Segundo o secretário de Estado americano, Antony Blinken, "as forças russas podem ter usado dispositivos antidistúrbios, incluindo gás lacrimogêneo misturado com agentes químicos" contra "combatentes e civis ucranianos".

Moscou garante que "a ameaça do terrorismo químico" vem dos ucranianos.

Nesse contexto, o presidente americano, Joe Biden, prometeu ao presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, uma nova ajuda militar no valor de 800 milhões de dólares.

Serão equipamentos "muito eficientes que já entregamos" à Ucrânia, mas também "novas capacidades", com destaque para "sistemas de artilharia" e "meios de transporte blindados", informou o executivo em comunicado. Também serão enviados helicópteros adicionais.

A Rússia anunciou, por sua vez, que proibirá a entrada em seu território de 398 membros do Congresso americano, em retaliação a uma medida semelhante adotada por Washington.

"Não é guerra, é terrorismo"
Os bombardeios seguem também no leste. Em Kharkiv, outra cidade assediada pelos russos desde o início da invasão, pelo menos quatro pessoas morreram e 10 ficaram feridas em ataques russos nesta quarta-feira, anunciou o governador regional.

"Isso não é uma guerra, é terrorismo", declarou o presidente polonês, Andrzej Duda durante uma visita a Kiev. "Se alguém envia aviões e soldados para bombardear zonas residenciais e matar civis, não é guerra. É crueldade, bandidismo, terrorismo", completou.

Autoridades ucranianas estão pedindo aos civis que deixem a região o mais rápido possível, em meio a temores de uma ofensiva iminente pelo controle total do Donbass, com presença desde 2014 tanto de forças ucranianas como de seus inimigos separatistas pró-russos.

Mais de 4,65 milhões de ucranianos deixaram o país desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, segundo os últimos dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Analistas acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, quer garantir uma vitória no leste antes do desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha, que celebra o triunfo soviético sobre os nazistas em 1945.

Nesse sentido, o chefe de uma das duas autoproclamadas "repúblicas separatistas pró-Rússia", Leonid Pasechnik, assegurou que suas tropas já controlavam "entre 80 e 90%" da região de Lugansk.

"Cenário de um crime"
A Ucrânia é "cenário de um crime", afirmou o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), o britânico Karim Khan, durante uma visita à Bucha. 

"Estamos aqui porque temos boas razões para acreditar que estão cometendo crimes da competência deste tribunal", completou.

Khan indicou que uma equipe forense do TPI preparava-se para trabalhar na Ucrânia "para que seja possível separar a verdade da ficção".

Nos arredores de Kiev, assim como em outros lugares, as autoridades ucranianas dizem que continuam encontrando cadáveres.

Em uma localidade ao sul, próximo a Kherson, soldados russos fuzilaram sete pessoas, denunciou nesta quarta a Procuradoria-Geral ucraniana. Segundo o Ministério Público, os soldados russos dispararam dentro de uma casa e depois a explodiram para acobertar o crime.

Um dia depois de Biden acusar Putin de "genocídio" na Ucrânia pela primeira vez, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, também usou o termo se forma inédita. Na Europa, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron, preferiram ser mais cautelosos e não usar a palavra "genocídio", atitude que Zelensky descreveu como "muito dolorosa".

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