Dom, 07 de Dezembro

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INTERNACIONAL

Rússia condena ataques "irresponsáveis" dos Estados Unidos no Irã

Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou neste domingo que Estados Unidos e Israel 'decidiram explodir' diplomacia com ataque

O presidente dos EUA, Donald Trump (esq.), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin O presidente dos EUA, Donald Trump (esq.), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin  - Foto: Elijah Nouvelage and Alexander Nemenov / AFP

A Rússia condenou veementemente, neste domingo, os ataques feitos pelos Estados Unidos às instalações nucleares no Irã, chamando o bombardeio de seu principal aliado no Oriente Médio de "irresponsável". O presidente americano, Donald Trump, afirmou neste sábado que as Forças Armadas dos EUA realizaram um “ataque muito bem-sucedido” a três instalações nucleares iranianas, marcando a entrada oficial de Washington na guerra iniciada por Israel na última quinta-feira (madrugada de sexta no horário local).

"A decisão irresponsável de realizar ataques com mísseis e bombas no território de um Estado soberano, independentemente dos argumentos apresentados, viola flagrantemente o direito internacional", afirmou a diplomacia russa em um comunicado.

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou neste domingo que os Estados Unidos e Israel "decidiram explodir" a diplomacia com os ataques. Em entrevista coletiva à margem de uma reunião da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), em Istambul, o ministro afirmou ainda que o Irã se defenderá "por todos os meios necessários", após os EUA e Israel terem, segundo ele, cruzado "uma grande linha vermelha".


De acordo com a Casa Branca, Washington informou Tel Aviv previamente que realizaria o ataque e, após a sua conclusão, Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversaram por telefone. Netanyahu agradeceu Trump pelo ataque “ousado” contra as instalações nucleares e afirmou que elas marcam um ponto de inflexão histórico que poderia levar a paz ao Oriente Médio.

— Eu lhe agradeço, o povo israelense lhe agradece — declarou Netanyahu em uma mensagem em vídeo em inglês dirigida a Trump. — Sua decisão ousada de atacar as instalações nucleares do Irã com o impressionante e justo poder dos Estados Unidos mudará a História.

Na sua série de publicações, Trump indicou que o ataque forçará o regime iraniano a acabar com a guerra, defendendo que “não há outro exército no mundo que poderia ter feito isso" — justificativa que deve repetir à população esta noite para justificar a própria contradição.

Durante a campanha presidencial, o republicano frequentemente criticou rivais democratas por se envolverem em conflitos em países distantes em vez de voltarem os olhares para assuntos domésticos. Além disso, Trump repetiu em diversas ocasiões, orgulhoso, de que guerras não foram iniciadas no seu primeiro mandato, alegando que pacificaria o mundo nesta segunda passagem pela Casa Branca.

Reação iraniana

Ainda não há informações sobre a dimensão dos danos, mas a imprensa iraniana confirmou que as infraestruturas de fato foram atacadas. Logo após o ataque, a Guarda Revolucionária da República Islâmica, braço mais poderoso das Forças Armadas do país, disse "agora a guerra começou para nós". Em uma ofensiva no início do dia, Israel disse ter matado três comandantes da força — que já vinha sofrendo baixas importantes na sua alta cúpula desde o início do conflito.

Para Paulo Filho, coronel da reserva e mestre em Ciências Militares, ainda "é muito cedo para avaliar" as consequências da entrada dos EUA na guerra. Segundo ele, dois fatores são fundamentais para analisar a operação: os danos efetivos e como será a reação dos iranianos.

— Uma eventual destruição de Fordow deve ter deixado algum registro sismográfico, seria uma coisa a investigar — pontuou ao GLOBO, questionando qual será o próximo passo da República Islâmica: — A Guarda Revolucionária tuitou "agora entramos na guerra". O que farão: atacar tropas dos EUA na Síria e no Iraque? Fechar o estreito de Ormuz? Eles ainda têm condições de reagir? E se reagirem, qual será a resposta dos EUA? Há chance de queda do regime?

Após a operação, Israel elevou o nível de alerta em todo o território, permitindo apenas atividades consideradas essenciais até novo aviso, informou o Exército em comunicado.

“Com a aprovação do ministro da Defesa Israel Katz, e após avaliar a situação, foi decidido que a partir de hoje (domingo) às 03h45 [21h45 no horário de Brasília] todas as zonas do país passarão do nível de 'atividade parcial' ou ‘limitada’ para ‘atividade essencial’, o que inclui a proibição de atividades educacionais, reuniões e atividades nos locais de trabalho, exceto para os setores essenciais", diz o comunicado.

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