SDS investiga intervenção da PM na Noite do Dendê
Segundo relatos, policiais em dez viaturas forçaram o término da celebração na comunidade do Bode, no Pina, às 23h
A intervenção policial ocorrida durante a celebração da Noite do Dendê, no último sábado (29), tem repercutido nas redes sociais e várias pessoas afirmam se tratar de um caso de intolerância religiosa, abuso de poder e discriminação racial. Realizada há 11 anos na Comunidade do Bode, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, o evento reúne várias manifestações da cultura afro-brasileira com objetivo de celebrar a tradição cultural e religiosa do povo negro.
Por volta das 21h, segundo relatos de participantes da festa, a Polícia Militar chegou ao local com dez viaturas. Os policiais, segundo o relato, solicitaram que o evento fosse encerrado às 23h, pois não teria autorização para ser realizado. Houve ameaça de prisão dos organizadores em caso de descumprimento. “Não sei por que fizeram isso. Eles alegaram que não tínhamos oficio para realizar a festa, mas, se esse fosse o problema, bastava deixar no local duas viaturas para segurança. Nós realizamos essa festa há 10 anos e nunca precisei pedir ofício nenhum. Queremos saber porque tanto abuso de poder e porque agiram dessa forma.”, afirmou um dos organizadores, que preferiu não se identificar.
Procuradas pela reportagem, a Secretaria de Defesa Social (SDS) e a Casa Civil emitiram nota lamentando o encurtamento da celebração na Comunidade do Bode. “A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social foi acionada e iniciou procedimento para investigar as circunstâncias do ocorrido. Eventuais excessos serão punidos. As secretarias repudiam qualquer forma de discriminação racial e intolerância religiosa”, conclui a nota.
A Prefeitura do Recife afirmou que, “para a realização da 11ª Festa do Dendê, bonita celebração à cultura de matriz africana de iniciativa da Nação do Maracatu Porto Rico, foram garantidas infraestrutura de palco, de som e iluminação, confirmando o apoio ao evento que o poder público assegura há anos e continuará assegurando”.