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RIO DE JANEIRO

Secretário da PM admite erro no planejamento da operação que deixou jovem morto no Santo Amaro

De acordo com o coronel Marcelo de Menezes Nogueira, é possível observar que requisitos necessários para as ações emergenciais não foram contemplados

Herus Guimarães Mendes, que foi morto a tiros no Morro Santo AmaroHerus Guimarães Mendes, que foi morto a tiros no Morro Santo Amaro - Foto: Reprodução/Facebook

O secretário da Polícia Militar do Rio, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou, nesta segunda-feira, que houve um erro no planejamento da operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Comando de Operações Especiais (COE) realizada na madrugada do último domingo no Morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul do Rio. Na ocasião, acontecia uma festa junina na comunidade. Seis moradores foram baleados e um deles morreu: atingido no abdômen, Herus Guimarães Mendes, de 23 anos, não resistiu.

O oficial listou os requisitos para uma ação emergencial, que, segundo as autoridades, foi a deflagrada no Santo Amaro após o recebimento de denúncia de que homens armados se reuniriam no local para fazer ataques contra bandidos rivais, e disse que "restou provado que não foram observados protocolos e procedimentos da corporação".

— Eu vou citar aqui alguns requisitos. Primeiro requisito: avaliação de risco. Que tipo de impacto a nossa operação vai causar naquela comunidade? Segundo requisito: princípio da oportunidade. O dia em que aquela operação vai ser realizada, o horário em que aquela operação vai ser realizada, se está havendo algum evento na comunidade. E o principal requisito: que é a preservação das vidas. O bem maior a ser protegido é a vida das pessoas. E a gente pode observar que esses requisitos não foram contemplados nessa operação emergencial — afirmou, em entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo.

De acordo com o oficial, o protocolo para ações emergenciais será reavaliado:

— As investigações vão fazer com que a gente entenda o que ocorreu naquela madrugada, entenda como foi a execução daquela operação, as perícias realizadas no local, nas armas dos policiais serão juntadas aos autos e vão subsidiar as nossas conclusões e a resposta que a sociedade merece neste momento.

Menezes frisou que todos os policiais que participaram da operação estavam com câmeras corporais e afirmou que as imagens serão passadas, a partir desta segunda-feira, para a Corregedoria da PM e para o Ministério Público.

— Obviamente que a disponibilização das imagens vai elucidar, para que a gente entenda, de como essa operação foi desencadeada, como ela se desenvolveu. Obviamente que não há condenação prévia dos policiais. Mas a gente vai fazer uma apuração firme e transparente — disse.

O que aconteceu
Segundo o pai de Herus, Fernando Guimarães, toda a família estava na festa junina — inclusive ele e a esposa — quando, por volta de 3h30, homens do Bope entraram no local atirando:

— A gente estava na festa, cheia de crianças. Eles entraram dando tiro, sem motivo algum. Meu filho tinha acabado de sair para comprar um lanche. Graças a Deus o filho dele não estava presente. O tiro atingiu o baço. Ele chegou a ser reanimado no hospital, mas não resistiu. Era trabalhador, sem ficha criminal, pagava pensão. Infelizmente, não vai voltar. Hoje ele é mais um. Mas as autoridades precisam explicar o que estavam fazendo no morro naquele horário. Quem autorizou essa operação?

A família de Herus relata, ainda, que os policiais agiram de forma truculenta, arrastando o rapaz ferido numa escada. De acordo com parentes, os agentes agiram com truculência também ao falar com eles.

Policial civil atira durante protesto e é preso

Neste domingo, um policial civil foi preso após atirar durante um protesto que moradores do Morro Santo Amaro faziam na Rua Pedro Américo pela morte de Herus. A Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL) informou, por meio de nota, que o agente estava de folga e foi preso em flagrante por disparo de arma de fogo.

De acordo o o órgão, um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) foi instaurado para apurar a conduta do policial. "A Polícia Civil reforça que não compactua com quaisquer desvios de conduta, cometimento de crimes ou de abuso de autoridade praticados por seus servidores", afirmou a corporação.

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