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Terremoto em Mianmar: temendo novos tremores, pacientes são tratados em estacionamento de hospital

Mais de 2 mil pessoas morreram e centenas estão desabrigadas

Terremoto em Myanmar: temendo novos tremores, pacientes são tratados em estacionamento de hospitalTerremoto em Myanmar: temendo novos tremores, pacientes são tratados em estacionamento de hospital - Foto: SAI Aung Main/AFP

Centenas de pacientes, incluindo bebês, idosos e monges budistas, estão deitados em macas no estacionamento de um hospital sob o calor escaldante de Mandalay, cidade que ainda vive o medo de novos O Hospital Geral de Mandalay – principal unidade médica da cidade – tem cerca de 1.000 leitos, mas, apesar do calor intenso e da umidade, a maioria dos pacientes está sendo tratada ao ar livre após o terremoto de magnitude 7,7 que matou mais de 2.000 pessoas em Mianmar e na vizinha Tailândia.

O tremor de sexta-feira foi seguido por várias réplicas que sacudiram Mandalay, a segunda maior cidade de Mianmar, ao longo do fim de semana. Por isso, pacientes estão sendo mantidos fora do prédio, por precaução.

"Esta é uma condição muito, muito imperfeita para todos", disse um médico que pediu anonimato à AFP. "Estamos tentando fazer o que podemos aqui. Estamos dando o nosso melhor."

Com as temperaturas chegando a 39°C, pacientes buscaram abrigo sob uma lona fina improvisada para protegê-los do sol tropical intenso.

Familiares seguravam suas mãos para confortá-los ou abanavam com leques de bambu. Crianças pequenas, feridas, choravam em meio às condições precárias, enquanto um monge ferido permanecia deitado em uma maca, ligado a um soro. Não são apenas os pacientes que sofrem. Médicos exaustos sentavam-se no chão, tentando recuperar forças entre os turnos de trabalho.

Embora o prédio do hospital não tenha sofrido danos visíveis, apenas alguns pacientes em estado grave e seus médicos permaneceram dentro da unidade. O restante se acomodou sob a lona ou em um abrigo próximo, com telhado de ferro ondulado, cercado por motocicletas. O medo de novos tremores é generalizado na cidade, com muitas pessoas dormindo nas ruas desde o terremoto. Algumas não podem voltar para casa, outras têm medo de fazê-lo.

Terremoto em Myanmar: temendo novos tremores, pacientes são tratados em estacionamento de hospital - Foto: Sai Aung Mainda/AFPTerremoto em Myanmar: temendo novos tremores, pacientes são tratados em estacionamento de hospital - Foto: Sai Aung Mainda/AFP

Enquanto alguns possuem barracas, muitos – incluindo crianças pequenas – passaram a dormir sobre cobertores no meio das estradas, tentando se manter o mais longe possível dos edifícios, temendo o desabamento de escombros.

Na segunda-feira, as operações de resgate começaram a desacelerar em Mandalay, uma das cidades mais afetadas pelo terremoto, à medida que as esperanças de encontrar mais sobreviventes entre os escombros diminuíam. Quase 300 pessoas ainda estão desaparecidas em todo o país.

Número de mortos passa de 2 mil
Especialistas temem um número muito mais elevado de mortos em Mianmar, apesar da mobilização da comunidade internacional para ajudar o país dizimado pela guerra civil, que carece de recursos para enfrentar a magnitude dos danos. Uma estimativa com base em um modelo que cruzou dados sobre o impacto do tremor e a densidade demográfica das regiões atingidas, divulgado pelo Serviço Geológico dos EUA, indicou na sexta-feira que o número de mortos provavelmente seria superior a mil, e poderia chegar a 10 mil.

Em Mandalay, a segunda maior cidade de Mianmar, situada perto do epicentro, alguns habitantes passaram uma terceira noite desabrigados. Muitos dormiram no meio das estradas, o mais longe possível dos prédios. Esforços de resgate diminuíram de intensidade nesta cidade da região central de Mianmar, com mais de 1,7 milhão de habitantes, em meio a condições difíceis e com temperaturas próximas a 40ºC. O calor intenso acelera a decomposição de corpos, o que pode complicar a identificação.

Uma cena de desespero foi registrada nos escombros de um prédio de apartamentos na noite de domingo em Mandalay, quando os socorristas acreditaram ter resgatado com vida uma mulher grávida que passou mais de 55 horas entre os destroços. A mulher teve uma perna amputada para ser libertada das pilhas de escombros, mas depois de ser retirada foi declarada morta.

— Tentamos fazer todo o possível para salvá-la — comentou um integrante das equipes de resgate, explicando que a vítima perdeu muito sangue devido à amputação.

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