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Tráfico alavanca número de assassinatos em Pernambuco

Consumo e venda de drogas estão por trás da maioria das mortes violentas. Crimes avançam para Interior em níveis recordes

O número de assassinatos contabilizado de janeiro a julho de 2017 é o recorde da década para o período - 3.322O número de assassinatos contabilizado de janeiro a julho de 2017 é o recorde da década para o período - 3.322 - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Por meio do crime organizado, o tráfico de drogas assumiu contornos sofisticados nas grandes cidades e também se interiorizou. E a falta de controle sobre essa modalidade tem impactado outros indicadores negativos, como o de homicídios. Em Pernambuco, o consumo e a venda de entorpecentes está por trás, direta ou indiretamente, de 70% das mortes violentas, segundo o Governo do Estado.

O número de assassinatos contabilizado de janeiro a julho de 2017 é o recorde da década para o período - 3.322. O dado local é tão negativo que foi responsável por um terço do aumento nacional da quantidade de homicídios neste ano - quase 28 mil no Brasil, ante 26,4 mil, no primeiro semestre de 2016.

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Em Pernambuco, a Secretaria de Defesa Social (SDS) começou a divulgar as motivações dos chamados crimes violentos letais intencionais (CVLI) no primeiro semestre. Os dados de julho, por exemplo, indicam que 32% dos delitos tiveram relação com o tráfico de drogas. Outras categorias, como acerto de contas (19%) e conflitos nas comunidades (18,5%), também podem ter o uso e a venda de substâncias ilícitas como pano de fundo. No Interior do Estado, os resultados assustam. Em 2004, por exemplo, essa região foi cenário de 1,6 mil homicídios.

O quantitativo chegou ao patamar de dois mil, em 2008, voltou a 1,6 mil, nos melhores anos do Pacto pela Vida (2012 e 2013), e, de 2014 para cá, subiu de novo, até bater o recorde no ano passado, com 2,6 mil casos. Em outras palavras, mil pessoas a mais foram mortas na Zona da Mata, no Agreste e no Sertão em 2016 no comparativo com 12 anos antes.

O consultor na área e integrante do Conselho Distrital de Segurança Pública de Brasília, George Felipe Dantas, cita o fenômeno da translocalização do crime para explicar a escalada da violência. “Numa porção considerável dos municípios brasileiros, em pelo menos dois mil, você já pode mapear cracolândias. É forçoso observar que existe uma criminalidade que orbita ao redor do uso e tráfico de drogas. Os CVLIs correspondem a uma massa de criminalidade que orbita muito perto desse planeta violência”, avalia.

Há duas semanas, a Folha publi­­cou reportagem em que mostrou a falta de controle sobre o uso e o tráfico de drogas na área central do Recife. Ruas, praças e outros espaços públicos se tornaram reduto de usuários de dia ou de noite, com a população perto ou longe. Na ocasião, a Polícia Militar afirmou que recolhe armas brancas e drogas, mas que uma ação mais efetiva depende também da área de assistência social do Estado e das prefeituras. Esse setor, por sua vez, destacou que as internações não são compulsórias.

O cenário visto no Centro é apenas uma espécie de microcosmo do que se vê em outras regiões do Estado. “No Tolerância Zero, de Nova York, a questão dos CVLIs era combatida no seu início, em cima de pequenos delitos. Aqui, aquele Brasil modorrento e pacífico do Interior parece que deixou de existir. Temos a universalização e interiorização do crime e temos uma droga relativamente nova, o crack. O crime não respeita mais fronteiras. Pode ser planejado em certo local, consumado em outro e ter desdobramentos até num terceiro. Um exemplo é o narcotráfico, que começa fora do Brasil. O crack não é produzido no Recife, Rio ou Porto Alegre”, diz Dantas.

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