Trânsito e transtorno no Largo da Encruzilhada, no Recife
Moradores e comerciantes do Largo da Encruzilhada se queixam que intervenção realizada há três meses no local tem causado diversos problemas
As mudanças no trânsito do Largo da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife, ocorridas em julho deste ano, deveriam otimizar o tráfego na região. No entanto, segundo os moradores e comerciantes do local, tem trazido diversos problemas, inclusive de mobilidade.
Nanci Reis, proprietária de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos na rua Castro Alves, relata que desde a alteração tem tido transtornos tanto com em relação ao acesso ao local quanto com o bem-estar de seus pacientes.
Após denúncias, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) solicitou esclarecimentos à Prefeitura da Cidade. Moradores organizaram um abaixo-assinado com 1.018 assinaturas cobrando providências.
De acordo com Nanci Reis, os idosos têm reclamado do barulho provocado pelos coletivos provenientes da nova parada inserida no local, ficando agitados e com o sono perturbado. “Eles não conseguem dormir direito e ficam muito incomodados ao longo do dia.”
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Nanci afirma ainda que, desde a mudança, a incidência de problemas respiratórios entre eles aumentou muito. “Esses ônibus também estão fazendo muito mal à saúde deles, de lá pra cá já perdemos quatro por problemas respiratórios devido à poluição.”
Na rua Alfredo José de Castro, os moradores relatam que a via se tornou perigosa para os pedestres e motoristas, pois, segundo eles, não tem capacidade de comportar o tráfego desviado da avenida João de Barros. “Não melhorou a questão da mobilidade, a rua e a calçada são muito estreitas, o que está causando muitos acidentes, e quando o fluxo é grande as bicicletas e motos passam por cima das calçadas. Corremos o risco de sermos atropelados em cima delas. Antes, como não tinha este fluxo todo, mesmo com calçadas estreitas, circulávamos com facilidade” conta a funcionária pública, Sueli Ipólito.
Comerciantes da avenida relatam que após o desvio o movimento caiu, e que para se manter tiveram que realizar cortes no corpo de funcionários. Foi o que aconteceu com José Carlos Polimeni, dono da Lavanderia e Tinturaria Brasileira, que está no local desde 1938. “As pessoas acabam deixando para lá por causa do desvio e o que nos resta é, infelizmente, fazer cortes para poder continuar funcionando”, conta.
Os moradores e comerciantes afirmam já terem entrado em contatos com a Secretaria de Mobilidade (SEMOC), tendo inclusive uma reunião marcada com o próprio secretário para avaliação do caso, e com o MPPE, com quem formalizaram a queixa. Segundo a promotora de Justiça Bettina Guedes, o órgão recebeu algumas denúncias sobre a mudança no trânsito no Largo da Encruzilhada.
Procurada, a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) informou que mantém diálogos abertos para discutir a elaboração e a implantação de projetos que visam a melhoria da mobilidade no município, “atentos às demandas apresentadas pela população, que são recebidas e analisadas por equipes técnicas”.
O órgão ressaltou também que todas as intervenções implantadas no Recife são previamente discutidas com a comunidade e divulgadas na imprensa. Após as mudanças, equipes de artistas educadores e de agentes de trânsito também são deslocadas aos locais para orientar condutores e pedestres. E em relação às solicitações de moradores acerca das mudanças de trânsito no bairro da Encruzilhada, a CTTU afirmou que irá avaliá-las.