Trump afirma que não tem pressa para conversar com presidente chinês em meio a nova guerra tarifária
Vista como fundamental para uma possível redução ou adiamento das tarifas, a conversa entre os líderes das duas maiores economias do mundo ainda precisa ser agendada, disse a porta-voz da Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não está com pressa de conversar com o chinês, Xi Jinping, para tentar amenizar uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, desencadeada pela imposição de tarifas adicionais de 10% sobre todas as importações chinesas, informou a Reuters.
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A China, no entanto, deu o troco: Pequim anunciou tarifas adicionais sobre importações de carvão, gás, máquinas agrícolas e petróleo dos EUA, e colocou várias empresas, incluindo o Google, sob alerta para possíveis sanções, em uma resposta moderada ao tarifaço de Trump.
Questionado na Casa Branca sobre a retaliação por parte da China, Trump respondeu: "Está tudo bem".
De acordo com a Reuters, uma conversa entre Xi Jinping e o presidente americano é vista como fundamental para uma possível redução ou adiamento das tarifas, a exemplo do que ocorreu nas conversas com a presidente do México e o primeiro-ministro do Canadá na segunda-feira.
No entanto, uma ligação entre Trump e Xi ainda precisava ser agendada, informou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
"O presidente Xi entrou em contato com o presidente Trump para falar sobre isso, talvez para iniciar uma negociação. Então, veremos como essa ligação se desenrola", disse Leavitt à Fox Business Network na terça-feira.
Liu Pengyu, porta-voz da embaixada chinesa em Washington, disse que a China espera que Washington trabalhe com Pequim para garantir relações estáveis, saudáveis e sustentáveis entre os dois países, acrescentou a agência.
As novas tarifas da China só entrarão em vigor na segunda-feira, dando tempo para Washington e Pequim tentarem chegar a um acordo, algo que os formuladores de políticas chineses indicaram que esperam alcançar com Trump, à medida que a demanda doméstica da China enfraquece.
Restrições às exportações de metais
Além das novas tarifas, a China restringiu as exportações de tungstênio e de outros metais de nicho usados nas indústrias de eletrônicos, aviação e defesa, em uma retaliação direcionada às tarifas impostas pelos EUA.
Além do tungstênio — conhecido por sua notável densidade e alto ponto de fusão, sendo mais comumente utilizado em mísseis perfurantes de blindagem — Pequim impôs restrições à exportação de molibdênio, telúrio, bismuto e índio na terça-feira.
A China produz cerca de 80% do tungstênio e do bismuto mundial e também é o principal fornecedor dos outros metais.
Sua resposta sugere que adotará uma abordagem mais calibrada ao lidar com Washington, mirando materiais com aplicações militares e buscando maximizar seu impacto ao focar em commodities nas quais tem maior influência.
Durante seu primeiro mandato presidencial, Trump iniciou uma guerra comercial de dois anos com a China devido ao superávit comercial chinês com os EUA, aplicando tarifas retaliatórias que desestabilizaram as cadeias globais de suprimentos e prejudicaram a economia mundial.
"A guerra comercial ainda está em estágio inicial, então a probabilidade de mais tarifas é alta", disse a Oxford Economics em um relatório ao reduzir sua previsão de crescimento econômico da China.
A reportagem da Reuters lembra que Trump já afirmou que pode aumentar ainda mais as tarifas sobre a China, a menos que Pequim impeça o fluxo de fentanil, um opioide mortal, para os Estados Unidos.
Em resposta, o governo chinês disse que o fentanil é um problema dos EUA e que contestaria as tarifas adicionais na Organização Mundial do Comércio (OMC), além de tomar outras contramedidas. No entanto, manteve a porta aberta para negociações.