Trump é criticado por judeus e muçulmanos após usar "palestino" como insulto para atacar opositor
Presidente republicano afirmou que Chuck Schumer, líder da maioria no Senado, "não é mais judeu"; organizações definem fala como "racista e antissemita"
O presidente americano, Donald Trump, foi condenado por grupos de judeus e muçulmanos dos Estados Unidos por usar o termo “palestino” como um insulto ao atacar o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, afirmando que ele “não é mais judeu”.
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O líder republicano fez a declaração polêmica na quarta-feira, durante uma reunião no Salão Oval com Micheál Martin, o primeiro-ministro da Irlanda.
— Schumer é um palestino, na minha opinião. Ele se tornou um palestino. Ele costumava ser judeu, mas agora não é mais. Ele é um palestino — disse Trump a repórteres em meio a comentários confusos sobre os democratas no Congresso, a guerra na Ucrânia, o conflito entre Israel e o Hamas e uma possível paralisação do governo.
A fala foi feita após Schumer anunciar que os democratas iriam bloquear o projeto republicano de gastos do governo porque ele foi feito sem a colaboração de democratas.
Sem um acordo, o financiamento do governo deve ser interrompido, podendo paralisar tudo — desde a supervisão financeira até a pesquisa científica.
Se chegarem a um acordo, o projeto de lei prorrogaria o financiamento até 30 de setembro.
Essa não foi, porém, a primeira vez que Trump fez ataques semelhantes contra Schumer.
No passado, o republicano também chamou o líder da maioria de “orgulhoso membro do Hamas”, considerado um grupo terrorista pelos Estados Unidos.
O presidente também questionou o motivo pelo qual os judeus americanos votariam nos democratas em meio às preocupações crescentes sobre o antissemitismo.
— O uso do termo ‘palestino’ como um insulto racial pelo ex-presidente Trump é ofensivo e não faz jus ao cargo que ele ocupou — disse Nihad Awad, diretor executivo nacional do Conselho sobre Relações Islâmico-Americanas (CAIR, na sigla original em inglês). — Ele deveria pedir desculpas ao povo palestino e ao povo americano.
Awad também afirmou que “a desumanização contínua dos palestinos resultou em crimes de ódio horríveis contra palestino-americanos, no genocídio na Faixa de Gaza facilitado pelos Estados Unidos e em décadas de negação dos direitos humanos dos palestinos”.
A fala dele foi seguida pela de Halie Soifer, do Jewish Democratic Council of America (JDCA), que afirmou que “não é Trump que decide quem é judeu”.
— O senador Schumer é o mais alto representante judeu eleito no país, e ‘palestino’ não deveria ser usado como um insulto. Esses comentários são repulsivos, mas reveladores. É hora de dizer a verdade: Donald Trump é um antissemita depravado, um islamofóbico e um fanático, razão pela qual a vasta maioria dos eleitores judeus nunca o apoiará.
Amy Spitalnick, diretora-executiva do Jewish Council for Public Affairs, afirmou que Trump conseguiu ser “tanto racista quanto antissemita ao mesmo tempo”.
Segundo ela, dizer que Schumer não é mais judeu “reforça uma narrativa mais ampla que o presidente tenta promover: a de que existem judeus bons e judeus ruins”.
Os bons são aqueles que votam nele, e os ruins são a grande maioria dos judeus que não o apoiam, disse.