UE abre as portas aos turistas americanos e franceses aposentam a máscara em locais abertos
A pandemia da Covid-19 retrocede em lugares como Estados Unidos e Europa ocidental, onde a vacinação avança a bom ritmo
A União Europeia (UE) deu um novo passo rumo à normalidade nesta quarta-feira (16), ao aprovar o retorno dos turistas americanos, mesmo que não estejam vacinados, uma imagem que contrasta com a "situação dramática em Moscou", onde vacinações obrigatórias serão impostas.
A pandemia do coronavírus, que já causou mais de 3,8 milhões de mortes no planeta, segundo dados oficiais, avança a duas velocidades: retrocede em lugares como Estados Unidos e Europa ocidental, onde a vacinação avança a bom ritmo, e continua castigando outros, como Índia e América Latina, a região com o maior balanço global de mortes (1,2 milhão, incluindo o Caribe).
Leia também
• União Europeia apresenta projeto de certificado sanitário para reativar turismo
• União Europeia negociará compra de 1,8 bi de vacinas anticovid contra futuras cepas
• UE convida Brasil a elaborar proposta alternativa à quebra de patentes
Em um símbolo claro de que a situação sanitária está melhorando na Europa, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, anunciou que, a partir de quinta-feira (17), a máscara não será mais obrigatória ao ar livre e também antecipou o fim do toque de recolher, a partir de domingo (20).
Com o verão prestes a começar na Europa, os 27 países da UE ampliaram a lista de países, cujos cidadãos têm permissão para viagens não essenciais, o que permitirá a entrada de seus passageiros sem justificativa.
Além dos Estados Unidos, foram incluídos nesta lista Albânia, Líbano, Macedônia do Norte, Sérvia, Taiwan, Hong Kong e Macau. Na lista anterior já constavam Japão, Austrália, Israel, Nova Zelândia, Ruanda, Singapura, Coreia do Sul e Tailândia.
Mesmo assim, a UE dá a seus países-membros o poder de impor condições a esses turistas, como testes de diagnóstico, ou quarentenas.
Para entrar nessa lista, um país deve registrar menos de 75 casos de Covid-19 por cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, como é o caso dos Estados Unidos.
Reabertura e levantamento de restrições
O país norte-americano é, no entanto, o mais afetado no mundo pelo vírus, em termos globais, e ultrapassou ontem 600 mil mortes por Covid-19, uma "marca triste" para o presidente Joe Biden, que pediu aos americanos que sejam vacinados "o mais rapidamente possível".
Esse número simbólico foi ultrapassado em um momento em que grande parte do país recuperou a normalidade. O estado da Califórnia suspendeu quase todas as restrições, assim como a cidade de Nova York, onde mais de 70% dos habitantes receberam pelo menos a primeira dose da vacina.
Ao mesmo tempo, um medicamento para a artrite readaptado mostrou resultados positivos em um ensaio clínico com pacientes hospitalizados com a Covid-19, de acordo com um artigo publicado nesta quarta-feira no "New England Journal of Medicine". O tofacitinibe, administrado por via oral e vendido sob a marca Xeljanz, foi testado em um estudo com 289 pacientes hospitalizados com Covid grave em 15 localidades do Brasil.
Após 28 dias, 18,1% do grupo que recebeu o tofacitinibe progrediu para insuficiência respiratória ou morte, em comparação com 29% no grupo do placebo.
Na Índia, apesar de o país liderar a lista de mortes por Covid-19 em 24 horas (2.542), o mausoléu turístico do Taj Mahal reabriu suas portas nesta quarta-feira após dois meses de fechamento. Este intervalo coincidiu com uma virulenta segunda onda do vírus no país.
"Fico feliz em visitá-lo, é incrível", disse, maravilhada, a brasileira Melissa Dalla Rosa, uma das poucas turistas que não quiseram perder sua reabertura.
Vacinações obrigatórias em Moscou
Em Moscou, o prefeito Serguei Sobianin decretou a vacinação obrigatória de todos os funcionários do setor de serviços, ante a situação sanitária crítica na capital russa, que, com seus 12 milhões de habitantes, é o epicentro da onda mais recente de coronavírus naquele país, onde a população resiste a se vacinar.
Em Moscou, apenas 1,8 milhão de pessoas foram imunizadas, apesar de o prefeito Sobianin ter anunciado na semana passada o sorteio de um carro entre aqueles que tiverem recebido pelo menos uma dose da vacina. Na Inglaterra, o governo anunciou que todas as pessoas que trabalham em asilos terão que se vacinar.
A situação permanece dramática na América Latina, onde Brasil e Colômbia ficam atrás da Índia no número de mortes nas últimas 24 horas (2.468 e 599, respectivamente), e o Peru continua sendo o país com maior mortalidade em relação à sua população (574 por cada 100 mil habitantes).
A cepa detectada em agosto de 2020 no país andino foi designada variante "de interesse" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), etapa anterior para a eventual inclusão como variante "preocupante".
A autoridade sanitária vai estudar agora a capacidade de contágio e resistência dessa variante, batizada de Lambda. Predominante no Peru, ela está presente em vários países da América Latina, como Argentina e Chile. O Peru irá manter a suspensão dos voos com origem em Brasil, África do Sul e Índia.
O novo coronavírus também segue causando estragos na Copa América, que é realizada no Brasil e sem público. Até o momento, 53 casos de Covid-19 foram registrados nas seleções participantes, principalmente de Venezuela, Bolívia e Colômbia.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) pediu o endurecimento das medidas para conter a propagação do vírus em locais de alta transmissão.