UFPE testa app vigilante de mosquitos
Capital deve lançar em até um mês e meio a estratégia que apontará para a dimensão da infestação do Culex
Depois da confirmação de que o zika pode ser transmitido pelo Culex, a popular muriçoca, o Recife vai acelerar um projeto de monitoramento da população desses mosquitos. O modelo será bem semelhante à vigilância que a cidade já faz para o Aedes aegypti. Com a muriçoca, o Centro de Vigilância Ambiental (CVA), ligado a Secretaria de Saúde do município, também distribuirá ovitrampas em algumas residências e estruturará estações de vigilância da replicação de muriçocas em canais. Esta rede deve começar em um mês e meio.
A estratégia vem preencher uma lacuna sobre o volume de Culex, tema que andava esquecido, desde que a filariose, doença carreada por este mosquito, saiu do status de endêmica. “Hoje não aferimos a população de Culex , mas já era planejamento nosso ter um indicador e dizer em que áreas a população de mosquitos é maior ou menor. Isso já vinha sendo desenhado e com essa notícia a gente acelera”, afirmou o coordenador do CVA, Jurandir Almeida. Ele comentou, que apesar de novo, o levantamento de indíce para muriçoca no Recife deve ser construído de forma rápida. E exemplificou que os agentes de endemias já eram treinados para identificar e combater focos de Culex, mesmo quando não havia presença de doença relacionada.
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Agora com a possibilidade da infecção pelo zika, as muriçocas voltam a ter destaque. Almeida explicou que a ideia para conhecer a densidade vetorial terá duas frentes. Uma delas vai espalhar ovitrampas em imóveis da cidade com material que atraia as muriçocas. A eleição das casas para receber o equipamento e a periodicidade de coleta e contagem dos ovos depositados nas ovitrampas ainda estão sendo definidas. A outra frente consistirá na coleta de material ao longo de canais que cortam a cidade, e que podem funcionar como incubadoras gigantes para a proliferação do mosquito. Sobre os canais, além do tratamento focal, o CVA deve reforçar cooperações com a Emlurb para a limpeza. Em relação ao Aedes aegypti, o Recife tem hoje um índice de infestação de 2,6%, classificado com risco alto.
Repercussão
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que vem apoiando e acompanhando todas as pesquisas realizadas Fiocruz sobre o zika. Inclusive, colaborou com o trabalho de identificação da muriçoca como vetor do vírus, encaminhando mosquitos coletados por aspiração. Sobre o resultado do estudo, a SES ressaltou que ele só reforça a necessidade do permanente engajamento da população, das entidades e do próprio poder público para acabar com os criadores dos mosquitos Aedes, responsável pela transmissão da dengue, chickungunya e zika, e do Culex, que já era conhecido vetor da filariose. O Ministério da Saúde (MS) até ontem não tinha se posicionado sobre o estudo que relaciona a muriçoca como vetor do zika, nem sobre possíveis novas estratégias que podem ser tomadas no nível nacional.
A pesquisadora informou ainda este ano haverá a testagem de campo desta tecnologia em uma área do Campus da UFPE e outra área da Universidade Federal da Paraíba.