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EUA

Universidade Columbia diz que expulsou e suspendeu dezenas de pessoas ligadas à ocupação de prédio

Instituição também revelou que diplomas de pessoas já formadas foram cancelados, em meio a pressão do governo Trump por causa de protestos pró-Palestina

Protesto pró-Palestina no campus de Morningside Heighs da Universidade Columbia Protesto pró-Palestina no campus de Morningside Heighs da Universidade Columbia  - Foto: David Dee Delgado/Getty Images/AFP

A Universidade Columbia anunciou ter expulsado ou aplicado suspensões a estudantes envolvidos na ocupação de um prédio do campus de Manhattan, no ano passado, e revelou ter revogado diplomas de alunos que já se formaram.

A decisão vem em meio à intensa pressão do governo do presidente Donald Trump sobre a forma como a instituição lidou com protestos pró- Palestina nos últimos meses, que culminou com o cancelamento de US$ 400 milhões em financiamentos e contratos da administração federal.

Em e-mail enviado a toda a universidade nesta quinta-feira, a universidade afirma que seu departamento jurídico aplicou a medida contra “dezenas” de pessoas que ocuparam o Hamilton Hall no final de abril de 2024, com base na “avaliação sobre a gravidade de seus comportamentos”.

Não foram fornecidos números detalhados sobre as expulsões, suspensões e cancelamento de diplomas.

A tomada do prédio, que abriga a administração de uma das faculdades que integram a Universidade Columbia, foi um dos atos mais marcantes dos protestos no campus de Morningside Heights contra a guerra em Gaza.

Após semanas de atos e de um acampamento nos jardins da instituição, as negociações entre os ativistas e a universidade entraram em um impasse, e alguns estudantes ocuparam o Hamilton Hall no final de abril. Segundo eles, era uma maneira de dar visibilidade ao movimento e permitir que tivesse sequência.

Contudo, a universidade permitiu que a polícia de Nova York entrasse no campus e desocupasse o prédio — alguns agentes foram vistos portando armas de fogo, e um deles efetuou um disparo. Ao todo, 108 pessoas foram presas, de acordo com o promotor distrital de Nova York, Alvin Bragg.

Os protestos, criticados por democratas, republicanos e por organizações judaicas, foram associados ao aumento de casos de antissemitismo não apenas em Columbia, mas em dezenas de universidades pelo país, muito embora os manifestantes negassem as acusações. Além das expulsões, suspensões e prisões, o movimento também custou o cargo de alguns reitores de instituições de ponta, como a própria Columbia.

Um dos mais vocais críticos do movimento, Trump prometeu, caso fosse eleito, agir para que protestos similares não voltassem a acontecer, aliando ameaças de deportação de estudantes estrangeiros e prisões, como a de Mahmoud Khalil, aluno de Columbia detido na semana passada, com a promessa de corte de investimentos federais.

De acordo com a agência Associated Press, dezenas de instituições, incluindo Harvard e o MIT, estão congelando gastos diante da ameaça de terem verbas reduzidas.

Ato na Trump Tower
Também em Nova York, cerca de 100 ativistas de uma organização pacifista judaica foram presos durante um ato, dentro da Trump Tower, que pedia a libertação de Mahmoud Khalil e a suspensão da venda de armas a Israel.

— Como judeus, estamos aqui hoje, poucas horas antes do feriado de Purim começar, um feriado em que honramos Ester, que usou sua voz para falar e exigir que o rei não cometesse genocídio — disse uma das ativistas em vídeo divulgado em redes sociais. — Hoje, estamos usando a mesma coragem dela para falar.

Quando a polícia chegou ao local, eles se sentaram no chão com os braços entrelaçados, e cerca de 50 foram algemados. Não houve relatos de danos ao local, tampouco de confronto com os agentes.

Nascido na Síria, Mahmoud Khalil, estudante de Columbia, se tornou um rosto conhecido durante os protestos na universidade contra a guerra em Gaza, e foi preso no sábado dentro de uma residência estudantil. A detenção foi considerada a primeira do tipo nos EUA.

Segundo sua advogada, Amy Greer, em declarações à Associated Press, os agentes afirmaram que tinham ordens para revogar seu visto de permanência.

Ao serem informados de que ele tinha um “green card”, uma permissão de residência permanente, disseram que o documento seria invalidado. Para ela, se tratou de uma “retaliação” do governo ao ativismo pró-Palestina de seu cliente.

Embora um juiz tenha barrado sua extradição enquanto o caso está na Justiça, Khalil segue preso no estado da Louisiana, e assim deverá continuar enquanto não houver uma decisão definitiva.

A mulher dele, Noor, está grávida de oito meses, e denunciou que a prisão teria sido feita sem um mandado.

Na segunda-feira, a Casa Branca fez uma publicação em tom jocoso nas redes sociais, e Trump sinalizou que novas prisões podem ocorrer em breve.

“Sabemos que há mais estudantes em Columbia e em outras universidades do país que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e a administração Trump não tolerará isso”, escreveu o presidente na rede Truth Social. “Muitos não são estudantes, são agitadores pagos. Encontraremos, apreenderemos e deportaremos esses simpatizantes terroristas do nosso país — para nunca mais retornarem. Se você apoia o terrorismo, incluindo o massacre de homens, mulheres e crianças inocentes, sua presença é contrária aos nossos interesses de política nacional e externa, e você não é bem-vindo aqui. Esperamos que todas as faculdades e universidades dos Estados Unidos cumpram.”

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