Urbanistas do Chile visitam comunidades do Recife
Troca de experiências já teve viagem de moradoras da Cidade ao vizinho sul-americano
Um time de mulheres, catadoras de marisco e sururu, fizeram as malas e partiram para o Chile onde conheceram lugares com alta taxa de pobreza, igualmente vítimas do descaso público por várias décadas. A troca de experiências valeu a pena. “Apesar de também lá encontrarmos dificuldades, aprendemos a importância de mantermos nosso ambiente limpo, com ruas onde as pessoas podem caminhar e se sentir bem”, contou Elivânia Silva, 36 anos, que mora na Ilha de Deus com o marido e os três filhos. O projeto tem apoio do governo daquele país e a parceria de diversas organizações. “É preciso construir uma corrente sensibilizando de que é possível fazer mais”, destacou.
Cravada no estuário do rio Tejipió, a comunidade saltou de uma rotina de preconceito e abandono para se transformar num improvável ponto turístico. Entrou na rota de passeios de catamarã e abriu as portas de uma hospedaria abrigando estrangeiros e dando partida para uma nova vocação econômica. Porém, ainda parece faltar muitos degraus para os mais de dois mil moradores do lugar. “Sofremos com as falhas no esgoto, que escorre em algumas ruas, a falta de médicos e uma educação de qualidade”, apontou a dona de casa Sulamita Souza, 32, que reside ali desde a infância. Integrante da comitiva, a assistente social Jessica Gamin, 25, conhece a dureza das favelas afastadas do centro de Santiago. “São retratos diferentes da miséria no mundo, mas que com investimentos podem ser revertidas”, avaliou.
A missão no Recife também visitou as comunidades do Passarinho, na Zona Norte, vítima de morosidade na regularização de terras; e Brasília Teimosa, na Zona Sul, também marcada por problemas de controle urbano e violência. A ação é fruto do programa Quiero Mi Bairro, criado no Chile para lidar com o déficit qualitativo das cidades. De acordo com a coordenadora da Cities Alliance (financiadora), Gabriela Mercúrio: “São sementes de integração que começam a ser plantadas e darão resultados no futuro”, disse. Segundo a Prefeitura do Recife, as propostas estão sendo estudadas e podem subsidiar novos projetos. A arquiteta Lúcia Siqueira avalia o cenário como positivo. “Será válido para conquistas em grupo e individuais”, destacou.
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