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Vapes podem ser melhores do que adesivos de nicotina para ajudar mulheres grávidas a parar de fumar

Mais de 1100 gestantes foram analisadas em um estudo realizado pela Universidade Queen Mary, em Londres

Mulher grávidaMulher grávida - Foto: Pexels

O hábito de fumar é prejudicial à saúde, mas pode ser especialmente pior durante uma gravidez, pois afeta o crescimento do bebê. Atualmente, é recomendada a substituição do cigarro, para as fumantes que acreditam ser difícil parar completamente, por adesivos de nicotina. No entanto, um estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Queen Mary, em Londres, afirma que os vapes também podem ser uma opção.

Foram incluídas na pesquisa cerca de 1.140 gestantes tentando parar de fumar. Elas foram divididas em dois grupos: metade delas passaram a utilizar cigarros eletrônicos como forma de substituir o cigarro convencional, enquanto a outra metade recebeu adesivos de nicotina.

Ao fim da gravidez das participantes, elas foram perguntadas se conseguiram parar com o hábito de fumar cigarros. Surpreendentemente, algumas mulheres responderam que pararam de fumar utilizando a ajuda de vapes que adquiriram por si mesmas, sem ser designado a elas pelo estudo. Como resultado, os pesquisadores descobriram que quase o dobro das ex-fumantes conseguiram se ver livres do hábito de fumar com cigarros eletrônicos, em comparação às que utilizaram adesivos.

Além disso, a diferença mais significativa notada pelos cientistas foi de que menos mulheres no grupo do cigarro eletrônico tiveram filhos abaixo do peso ao nascer (menos de 2,5 kg), geralmente associado a problemas de saúde na vida adulta. Também foram analisados os resultados de segurança, incluindo baixo peso ao nascer, internações de bebês em terapia intensiva, aborto espontâneo, natimorto e parto prematuro.

Os cigarros eletrônicos são como uma forma de terapia de reposição de nicotina pois facilitam a transição ao fim do vício. A maior vantagem apresentada em relação aos chicletes e adesivos de nicotina, é a possibilidade do fumante selecionar a intensidade e os sabores. É provavelmente por isso que os cigarros eletrônicos se mostraram mais eficazes do que a terapia tradicional de reposição de nicotina em pessoas que não estão grávidas.

Proibição no Brasil
No Brasil, a venda, a importação e a publicidade dos cigarros eletrônicos é proibida. No ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revisou a questão e decidiu pela manutenção dessa proibição destes dispositivos. Os argumentos científicos que balizaram a decisão incluíram o fato de estudos mostrarem que o uso de cigarros eletrônicos não é útil para tratar o tabagismo ou parar de fumar, além de causar dependência e riscos à saúde, devido à presença da nicotina, uma substância psicoativa.

Outro ponto importante citado na reunião da agência é o fato dos usuários desses dispositivos tenderem a acreditar que os riscos são menores e não se considerarem fumantes, por exemplo. Segundo estudos, o uso leva a uma maior chance de desenvolver sintomas respiratórios, como falta de ar, chiado no peito e broncoespasmo mesmo com pouco tempo de uso.

Além disso, faltam pesquisas que mensurem o impacto desses dispositivos eletrônicos na saúde pública a médio e a longo prazo. Outra preocupação é o aumento do uso de cigarros eletrônicos e vapes entre jovens. A mensagem de que esses dispositivos são menos prejudiciais à saúde pode ser particularmente apelativa a esse público. O aumento da popularidades desses produtos entre menores de idade é um problema em diversos países, incluindo Estados Unidos, Inglaterra e até mesmo o Brasil.

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