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Conflito

Zelensky diz que Trump apoiará defesa aérea da Ucrânia após corte parcial de ajuda dos EUA

Trump e o líder russo, Vladimir Putin, também conversaram por telefone sobre a guerra na Ucrânia e a situação no Oriente Médio

Presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (E), e dos EUA, Donald Trump, em reunião às margens da cúpula da Otan, em Haia Presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (E), e dos EUA, Donald Trump, em reunião às margens da cúpula da Otan, em Haia  - Foto: Serviço Presidencial de Imprensa da Ucrânia / AFP

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou nesta sexta-feira que, durante a conversa que manteve com seu homólogo americano, Donald Trump, ambos concordaram em "reforçar" a defesa aérea da Ucrânia após um novo ataque massivo de drones e mísseis russos.

A ligação aconteceu três dias depois que Washington interrompeu parcialmente o envio de ajuda à Ucrânia, que é alvo de uma invasão da Rússia desde fevereiro de 2022.

"Discutimos as possibilidades de defesa antiaérea e concordamos em trabalhar juntos para reforçar a proteção de nossos céus", escreveu Zelensky no Telegram após o telefonema.

Na quinta-feira, em um novo contato sem mediadores, Trump e o líder russo, Vladimir Putin, também conversaram por ligação. O telefonema foi confirmado pelo Kremlin e teve duração aproximada de uma hora.

A guerra na Ucrânia e a situação do Oriente Médio, de acordo com o Kremlin, estiveram em pauta durante o telefonema. Putin defendeu que o conflito com o Irã e questões naquela região deveriam ser resolvidas por meio da diplomacia, ao passo que, ao abordar à guerra no Leste Europeu, disse que quer continuar negociações de paz com a Ucrânia, mas que Moscou não vai renunciar aos seus objetivos.

A conversa entre Trump e Putin aconteceu dois dias depois do anúncio da Casa Branca sobre a suspensão parcial no envio de ajuda à Ucrânia — uma medida comemorada pelo Kremlin, que se manifestou na quarta-feira, afirmando que quanto menos armas chegassem a Kiev, mais rapidamente o conflito se resolveria.

No entanto, a agência de notícias russa Ria Novasti noticiou que Trump e Putin não tocaram no tema da interrupção parcial no fornecimento de armas americanas à Ucrânia.

O governo americano, por sua vez, citou razões de "interesse nacional" ao anunciar a suspensão. Após uma revisão dos estoques de munições dos EUA, havia preocupação de que esses níveis estivessem muito baixos.

Entre as armas que estão sendo suspensas, segundo apuração da Bloomberg, estão projéteis de artilharia de 155 mm e baterias de defesa aérea Patriot — armas cruciais para a Ucrânia repelir os ataques cada vez mais constantes de drones russos.

Trump assumiu o cargo prometendo encerrar rapidamente a guerra na Ucrânia, mas esses esforços não obtiveram força, com Putin recusando os pedidos de interrupção dos combates e rejeitando os pedidos para se encontrar pessoalmente com Zelensky.

Discussões de menor alcance entre a Rússia e a Ucrânia resultaram em trocas de prisioneiros, mas não garantiram um avanço maior para encerrar a guerra.

Trump, portanto, tem se mostrado cada vez mais frustrado, sugerindo, por vezes, que está disposto a abandonar seus esforços se não acreditar que os dois países levam a sério a busca pela paz.

Essa perspectiva alarmou os aliados de Kiev, que temem que Trump possa abandonar a Ucrânia. O presidente também se recusou a prometer apoio americano a qualquer potencial força de segurança para ajudar a manter um futuro cessar-fogo.

Intensificação dos ataques aéreos russos
As decisões — de reforçar a defesa aérea da Ucrânia e da interrupção da ajuda fornecida por Washington a Kiev — acontece em um momento no qual a ex-república soviética vem sofrendo com a intensificação dos ataques aéreos russos.

O número de drones de longo alcance lançados pela Rússia aumentou 36,8% em junho, em relação ao mês anterior, segundo uma análise da AFP publicada nessa terça-feira.

Os ataques põem à prova as defesas aéreas e uma população civil esgotada, enquanto as negociações de cessar-fogo entre Kiev e Moscou seguem em ponto morto.

Até agora, e apesar da relação conturbada com Kiev, o governo Trump continuou, ao menos parcialmente, com a ajuda militar que começou durante o mandato de Joe Biden.

Na presidência do democrata, os Estados Unidos providenciaram mais de US$ 60 bilhões (R$ 327 milhões, na cotação) em ajuda militar a Kiev.

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