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8 de janeiro

A deputada que fez Sóstenes Cavalcante mudar de estratégia e protocolar a urgência da anistia

Helena Lima (MDB-RR) retirou sua assinatura, o que fez o líder do PL temer que a pressão do governo fizesse outros parlamentares seguirem o movimento

Helena Lima (MDB-RR) retirou sua assinaturaHelena Lima (MDB-RR) retirou sua assinatura - Foto: Instagram/Reprodução

Na última sexta-feira (11), durante coletiva à imprensa, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, anunciou ter recolhido as assinaturas necessárias para apresentar o pedido de urgência do projeto de lei que concede anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Na ocasião, ele revelou sua estratégia: angariar mais apoios antes de tornar pública a lista de signatários.

Na segunda-feira (14), porém, Sóstenes mudou de postura após a deputada Helena Lima (MDB-RR) retirar seu apoio à proposta.

— Aí entrei logo, me antecipei — afirmou o parlamentar ao GLOBO.

A retirada da assinatura gerou reação imediata. Em grupos de WhatsApp, a deputada foi chamada de “traíra”. O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, chegou a acusá-la de estar fazendo o “jogo do presidente Lula”.

A assessoria de Helena Lima foi questionada pelo GLOBO sobre o motivo da retirada da assinatura. Até o momento, não houve resposta.

Segundo interlocutores, a deputada teria sido alvo de pressão por parte do governo federal, que teria ameaçado exonerar aliados. Seu marido, Renildo Lima, é dono da Voare Táxi Aéreo, empresa que mantém contratos com o governo federal que somam ao menos R$ 50 milhões. Esta informação foi primeiramente revelada pelo portal Metrópoles.

Eleita em 2022 com o nome de urna “Helena da Asatur” — referência a um braço da Voare —, a deputada tem vínculos familiares com a empresa: a Asatur é comandada por sua filha, Eduarda Lima, e seu marido é sócio. Antes de entrar na política, Helena atuou na Voare entre 2001 e 2022.

Integrante do MDB, partido que ocupa três ministérios no governo Lula, a deputada vinha mantendo proximidade com figuras do Executivo, como mostram suas redes sociais. Em postagens elogiosas, ela aparece ao lado de ministros como Jader Filho (Cidades), Renan Filho (Transportes), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Simone Tebet (Planejamento) e Alexandre Padilha (Saúde).

Após a movimentação, Sóstenes protocolou o pedido de urgência com 262 assinaturas — 15 a mais do que o mínimo necessário de 247, o equivalente à maioria absoluta da Câmara. A partir da protocolação, não é mais possível incluir ou retirar apoios. Ainda assim, o deputado Robinson Faria (PL-RN) chegou a apresentar requerimento para inclusão, numa tentativa de atender as pressões do bolsonarismo.

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