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MARIELLE FRANCO

Acusado de matar Marielle e Anderson, Ronnie Lessa é exímio atirador e fiel aos cúmplices

Delação premiada de Élcio de Queiroz aponta para "relação de irmão" com ex-PM

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz Ronnie Lessa e Élcio Queiroz  - Foto: Reprodução/TV Globo

Durante o desdobramento da Operação Élpis, em que o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, o Suel, foi preso em um condomínio do Recreio, na Zona Oeste, um novo fato foi revelado: a delação premiada do ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, acordo citado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, durante entrevista coletiva.

No documento, o ex-PM descreve a dinâmica do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em que Ronnie Lessa figura como o atirador do crime cometido na noite de 14 de março de 2018, no Estácio, bairro da região central do Rio. Preso desde 2019, Lessa é conhecido pela habilidade com o armamento, por estar disposto a tudo para alcançar seus alvos e, ainda, pela relação de fidelidade aos seus cúmplices.

Sargento reformado da Polícia Militar, Ronnie Lessa foi expulso da corporação no início deste ano, em decisão que cita "proceder reprovável" de Lessa, com comportamento que "ofende de maneira grave, a honradez e a credibilidade" da PM, após processo administrativo disciplinar.

No entanto, até ser preso por envolvimento na morte de Marielle e Anderson, Lessa ainda era considerado ficha limpa. Mesmo assim, seu modus operandi era conhecido por todos.

A fama de Lessa é unânime entre quem o conheceu pessoalmente: é capaz de tudo para conseguir cumprir as empreitadas criminosas, sem medir consequências para isso. Outro atributo reconhecido de Lessa é a habilidade no manejo de armas, especialmente os fuzis.

 

Ronnie Lessa também é conhecido por gostar de atirar sentado, apesar de usar uma prótese moderna, depois de, em outubro de 2009, ter sofrido um atentado a granada em Bento Ribeiro, na Zona Norte do Rio.

Homem de confiança de Rogério Andrade
Incorporado ao 9º BPM (Rocha Miranda) em 1992, Lessa foi posteriormente cedido (adido) à Polícia Civil — momento que teria sido o motor de sua carreira mercenária — no início dos anos 2000. Ganhou respeito pela agilidade na solução de casos e isso chegou aos ouvidos até do contraventor Rogério Andrade, que teve Lessa como seu homem de confiança.

A ligação com a contravenção foi responsável até pelo atentado que sofreu em 2009. Depois de deixar um bar e passar pela Rua Mirinduba, nas proximidades do 9º BPM (Rocha Miranda),uma granada explodiu. O PM ainda teria tentado saltar do veículo, mas teria ficado preso ao cinto de segurança e, o veículo, batido em um poste 150 metros depois.

Uma de suas pernas foi amputada na ocasião, em que ainda era lotado no 9º BPM. Segundo a polícia, os autores desse atentado contra Lessa são os mesmos que explodiram o carro do contraventor Rogério Andrade, em abril de 2010, na Avenida das Américas, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste. Na ocasião, morreram o filho de Rogério, Diogo Andrade, de 17 anos, e um segurança dele.

"Como se fosse irmão"
A relação de Lessa com seus cúmplices também era de proximidade. Os detalhes dessa vida pessoal foram abordados na delação premiada de Élcio de Queiroz, compadre de Ronnie Lessa, que é padrinho de seu filho.

No acordo do também ex-PM, a relação de amizade é estimada em 30 anos e Lessa chegou a ajudar financeiramente a Élcio de Queiroz, expulso da Polícia Militar após a Operação Guilhotina. Élcio conta ainda que "pagava parceladamente", e que, às vezes, Lessa acbria mão de receber alguns pagamentos. Amizade "baseada nisso aí, independente do dinheiro", conforme descreveu Élcio: "relação de como se fosse irmão".

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