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ESTRUTURA PARALELA

Agente diz à PF que diretor-geral da Abin defendeu 'intervenção' na corregedoria

Servidor diz que Luiz Fernando Corrêa adotou 'tom agressivo' em reunião sobre inquérito

O diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Correia O diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Correia  - Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Um servidor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirmou em depoimento à Polícia Federal que o diretor-geral do órgão, Luiz Fernando Corrêa, defendeu uma “intervenção” na corregedoria durante a investigação sobre a existência de uma estrutura paralela de espionagem na instituição no governo de Jair Bolsonaro. O agente disse ainda que Corrêa reclamou de ele estar “ajudando” a PF. Procurada, a Abin não se manifestou.

O depoimento ocorreu no dia 26 de janeiro do ano passado, um dia depois de a PF ter realizado uma operação para investigar as suspeitas. Corrêa foi intimado a depor no inquérito, o que deve ocorrer na quinta-feira. Uma das suspeitas é de obstrução ao andamento das investigações.

À PF, o servidor relatou que havia participado de uma reunião com Côrrea e outros integrantes da Abin no dia anterior, quando foi questionado se havia visto os mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele respondeu que não, mas que o delegado tinha informado o teor.

"Na reunião, Luiz Fernando (Corrêa) falou em tom de desgosto; que Luiz Fernando falou num tom agressivo; que Luiz Fernando falou que deveria fazer uma intervenção na corregedoria; que naquele momento a corregedoria estava colaborando com a diligência de busca e apreensão; que o depoente e (outro servidor) da corregedoria estavam ajudando a Polícia Federal", disse o servidor em depoimento à PF.

O servidor da agência relatou que o encontro havia sido convocado para debater a necessidade da publicação de uma nota com o posicionamento da agência sobre a operação. Segundo ele, houve o entendimento de que "a nota seria no sentido que a Abin estaria na busca da verdade”. No dia 25 de janeiro, data da operação, a agência de fato divulgou um texto dizendo que era a maior interessada na investigação.

No depoimento, o agente da Abin também contou que já presenciou Corrêa reclamando que não tinha acesso aos dados da corregedoria, mas não sabia que informações eram essas.

"Que Luiz Fernando reclamou no sentido de que a CGU (Controladoria-Geral da União) estava outra vez requerendo dados da Abin", contou.

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