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Presidente da câmara

Alinhado com Planalto, Lira qualifica queda de ações da Petrobras de 'bolha histérica'

Lira saiu em defesa de Bolsonaro e afirmou ainda esperar que, em um ou dois dias, a instabilidade deve passar

Presidente da República, Jair Bolsonaro e Arthur Lira, Presidente da Câmara dos DeputadosPresidente da República, Jair Bolsonaro e Arthur Lira, Presidente da Câmara dos Deputados - Foto: Marcos Corrêa/PR

Eleito com a ajuda de emendas e cargos oferecidos pelo Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), saiu em defesa da intervenção feita pelo presidente Jair Bolsonaro na Petrobras e qualificou o caos provocado na estatal como "bolha histérica".
 
Lira participou de uma videoconferência do jornal Valor Econômico na manhã desta terça-feira (23).
 
Ao falar sobre o projeto de autonomia do Banco Central, que deve ser sancionado por Bolsonaro nesta quarta (24), o líder do centrão negou que a decisão do presidente de substituir Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna seja uma ingerência na estatal.
 
"Para a política, transpareceu o seguinte modelo. Foi um eletrocardiograma que fez um pico e depois estabilizou", disse. "[Que] A sanção desse projeto, que será amanhã, não seja minimizada por simplesmente uma troca de um presidente de uma empresa que é da atribuição do presidente da República."
 
Lira, a seguir, qualificou o que aconteceu nos últimos dias com a petrolífera como "uma bolha histérica".
 
"Todos os grandes influenciadores do mercado estão aconselhando comprar Petrobras. Então será que o ex-presidente da Petrobras era o único que poderia ter a fórmula do cálculo ideal de como que é feita a conta do combustível, do óleo, da gasolina? Não, e não há nenhuma previsão de ingerência", afirmou.
 
Ele negou ter havido qualquer ingerência nos preços praticados pela empresa ou risco de "voltarmos a épocas anteriores."
 
"Eu não vejo simplesmente o fato de você trocar o presidente da empresa de livre nomeação do presidente da República possa gerar esse tipo de expectativa e a Câmara dos Deputados e o Senado Federal têm todas as ferramentas para manter o Brasil nos trilhos e com os acompanhamentos das situações econômicas que possam acontecer com freios e contrapesos, como aconteceu no ano passado", complementou.
 
Lira afirmou ainda esperar que, em um ou dois dias, a instabilidade deve passar quando forem esclarecidas as dúvidas sobre o futuro da política de preços da Petrobras.
 
A prioridade na Câmara, reforçou o presidente da Casa, será a análise das reformas estruturais, a votação do Orçamento de 2021 e da nova rodada do auxílio emergencial até o fim de março. Por isso, a proposta de privatização da Eletrobras ficará em segundo plano nesse período.
 
Mas, a partir de abril, Lira vê espaço para a venda da estatal avançar. Segundo ele, o governo deve apresentar uma medida provisória para acelerar esse processo, dando ainda o tempo necessário para que o Congresso discuta o projeto.
 
Nesta terça, Bolsonaro afirmou a apoiadores que o general Joaquim Silva e Luna "vai dar uma arrumada" na empresa.
 
A declaração de Bolsonaro ocorre um dia depois de a Petrobras ter registrado perdas de mais de 20% em suas ações por conta da interferência do governo Bolsonaro.


Ao final do pregão de segunda (22), as ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras fecharam em queda de 21,5%, indo a R$ 21,45. As ordinárias (com direito a voto) despencaram 20,47%, fechando em R$ 21,55.
 
Com isso, a Petrobras perdeu R$ 74,246 bilhões em valor de mercado nesta segunda-feira (22). Somado aos cerca de R$ 28,209 bilhões de desvalorização na última sexta (19), a queda da estatal com a intervenção de Bolsonaro já soma R$ 102,5 bilhões.
 
O derretimento foi resultado da perda de confiança de investidores com a substituição, decidida pelo Palácio do Planalto, do presidente da empresa. Bolsonaro determinou a troca de Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna, ex-ministro da Defesa que estava na direção de Itaipu Binacional.
 
O presidente decidiu pela substituição em meio à forte pressão dos caminhoneiros, categoria próxima ao bolsonarismo que está descontente com os recorrentes reajustes no preço dos combustíveis.

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