Política

Bolsonaro descarta confinamento nacional recomendado por especialistas

O Brasil registrou 3.829 mortes por Covid-19 nesta quarta-feira, um dia depois de bater o recorde de 4.195 mortes em apenas 24 horas

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro descartou nesta quarta-feira(7) um confinamento nacional exigido por vários especialistas devido aos níveis críticos de infecções e mortes na segunda onda da pandemia no país.

“Não vai ter lockdown nacional” ou “política de fique em casa, feche tudo”, declarou em ato oficial em Chapecó, Santa Catarina, o presidente, que se opõe a medidas de isolamento social, nacional, regional ou local, alegando seu impacto econômico negativo.

A questão voltou com força depois que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomendou o "remédio amargo" do confinamento para "evitar mais mortes".
 

“As medidas de bloqueio (lockdown) constituem um remédio amargo, mas que são absolutamente necessárias em momentos de crise e colapso do sistema", afirmou a instituição, ligada ao Ministério da Saúde, em Boletim Extraordinário publicado na terça-feira.

A ocupação dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) está em "níveis críticos" em 24 dos 26 estados e o Distrito Federal, de acordo o relatório.

O Brasil registrou 3.829 mortes por covid-19 nesta quarta-feira, um dia depois de bater o recorde de 4.195 mortes em apenas 24 horas.

Segundo no mundo depois dos Estados Unidos, o país, com 212 milhões de habitantes, já ultrapassa 340 mil mortes.

Março foi o mês com o maior número de óbitos no Brasil (66.573) e nos primeiros sete dias de abril foram registrados mais de 19 mil falecimentos.

- "Morre gente em todo lugar" -
“Todos nós somos responsáveis pelo que acontece no Brasil. Em qual país do mundo não morre gente? Infelizmente, morre em tudo que é lugar. Queremos é minimizar esse problema”, disse Bolsonaro em outra solenidade oficial em Foz do Iguaçu, horas depois.

“Não vamos chorar o leite derramado. Estamos passando ainda por uma pandemia que, em parte, é usada politicamente não para derrotar o vírus, mas para tentar derrubar o presidente”, acrescentou. 

Enquanto especialistas insistem na necessidade de acelerar a vacinação (que enfrenta dificuldades no abastecimento e cobriu 10% da população com a primeira dose), Bolsonaro criticou o que considera um "foco excessivo" da imprensa nas vacinas.

“Tenho certeza que brevemente será apresentado ao mundo um remédio para cura da covid. É tanto foco apenas na vacina, de 10 a 20 dólares a unidade. Queremos a vacina? Passando pela Anvisa, sim. Mas também buscar o remédio para cura e não demonizar medicamentos que o médico receite no final da linha”, se defendeu o presidente, referindo-se aos remédios sem evidências científicas contra o coronavírus que já promoveu em diversas ocasiões.

O pesquisador da Fiocruz Christovam Barcellos argumenta que o Brasil precisa, "ao mesmo tempo em que se implementa essa medida de confinamento [preconizada pelo Boletim], ajudar as pessoas com apoio psicológico, dinheiro, comida" a passar pela "fase muito difícil" que se aproxima.

Durante grande parte de 2020, dezenas de milhões de brasileiros sobreviveram graças a depósitos mensais, que deixaram as finanças do país em dificuldades.

Depois de suspender a ajuda financeira por três meses, o governo retomou os auxílios em abril, embora tenha reduzido seu valor e o número de beneficiários.

Enquanto isso, o nível de desemprego atingiu o nível mais alto, com mais de 14 milhões de pessoas procurando trabalho.

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