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Sem Lula

Bolsonaro inelegível, saída de ministra do Turismo e semana no Congresso: como foi o arraiá do PT

Ministro da secretaria-geral diz que mudança na pasta vai acontecer; com dores na perna, presidente fica fora da festa

Presidente LulaPresidente Lula - Foto: Reprodução

Sem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a festa junina do PT reuniu seis ministros, parlamentares e integrantes do governo em um clube em Brasília. Em clima de confraternização, convidados deram como certa a saída da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, trataram da expectativa para a semana do governo no Congresso, das articulações para as eleições de 2024 e do ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível.

 

Com ingressos entre R$ 300 e R$ 5 mil, o evento teve estrutura montada para mil convidados, ofereceu comida farta e bebida à vontade para os presentes, que estavam com a esperança de tirar uma foto com o presidente. A possibilidade da presença de Lula, que chegou a ser confirmada durante a semana, fez a venda de ingressos esgotar na quinta-feira, e levou ao evento um forte aparato de proteção feito pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), com revista e detector de metal na entrada.

A expectativa dos convidados, no entanto, acabou frustrada com recomendação médica de Lula não ir a festa após sentir dores na perna depois de acompanhar o treino da seleção brasileira de futebol feminino no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília na tarde de sábado. No domingo de manhã, Lula embarcou para Salvador para participar dos festejos de 2 de julho, data da Independência da Bahia. O anúncio da ausência do presidente foi feito durante a festa pelo ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo, e desmobilizou parte dos convidados.

"O presidente vai acordar amanhã às 5h30, hoje fez uma agenda, sentiu um pouco a perna, e a médica pediu que ele não viesse para se poupar para agenda dele", disse o ministro.

Entre os presentes, estavam a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; os ministros Paulo Pimenta (Comunicação Social), Cida Gonçalves (Mulheres), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Jorge Messias (AGU) e Luiz Marinho (Trabalho); os deputados Jilmar Tatto (PT-SP), Reginaldo Lopes (PT-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ). Também apareceram na festa a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros; o presidente dos Correios, Fabiano Silva; e o presidente do Sebrae, Décio Lima. O auxiliar de Lula mais paparicado pelos convidados, no entanto, não era ministro nem presidente de banco ou estatal. Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial da presidência, foi o mais requisitado para selfies.

‘Vai ter a mudança’

Ministros comentaram sobre a expectativa de saída da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, do cargo. Questionado por jornalistas, o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo, disse que haverá "a mudança que vocês já sabem que vai ter" e afirmou que pode ocorrer na volta da viagem do presidente para a cúpula do Mercosul, na Argentina. Lula participa do evento na terça-feira em Puerto Iguazú.

"Vai ter a mudança que vocês já sabem que vai ter. Está sendo discutida, está sendo construída e vai acontecer de forma consensual. Na volta dele, acho que pode ser que aconteça", disse o ministro, sem citar o nome de Daniela.

Integrantes da articulação política do governo, no entanto, são mais cautelosos. Avaliam que não é possível prever uma data para saída de Daniela, ponderam que a troca ocorrerá no tempo de Lula, mas reconhecem que a semana ampliará a pressão sobre o Planalto para saída da ministra. Favorito para ocupar o posto e indicação da bancada do União Brasil na Câmara, o deputado Celso Sabino (PA), já é chamado de ministro por integrantes do governo desde a semana passada e tem buscado dados sobre o ministério.

Outro tema que ocupou as rodas de conversa foi a expectativa para a "super semana" do governo no Congresso, com a previsão de votação do projeto de lei do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), do arcabouço fiscal e reforma tributária na Câmara. Auxiliares de Lula admitem mais dificuldade para aprovar o Carf, mas consideram que o governo fechará a semana com três vitórias. Entre deputados, havia leitura de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), está empenhado em liquidar as pautas econômicas antes do recesso parlamentar e quer ter sua digital na aprovação da reforma tributária.

Auxiliares de Lula comentaram a participação do presidente nesta semana no Foro de São Paulo, organização que reúne partidos e movimentos de esquerda e está completando 33 anos, duramente criticado pelo bolsonarismo. Segundo eles, o evento só ocorreu em Brasília por causa de Lula e o próprio presidente fez questão de ir por ter sido um dos fundadores, junto com ex-presidente de Cuba Fidel Castro.

Eleições na pauta

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, conversou sobre a série de movimentos que já tem feito mirando as eleições municipais de 2024. A deputada já esteve em oito estados, entre os quais São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina, conversando com dirigentes regionais sobre cenários locais. Gleisi pediu a cada diretório um mapa político eleitoral do Estado para ajudar o partido a decidir a melhor tática eleitoral para 2024. Em 8 de julho, na reunião do diretório nacional, o PT vai começar a discutir formalmente estratégias para o pleito. Neste ano, a legenda adiantou em seis meses início das mobilizações para campanha municipal.

Na avaliação de Gleisi, é prematuro falar em meta de prefeituras a serem conquistadas, mas há entendimento que em 2024, a legenda terá ambiente muito mais promissor do que o enfrentado em 2020, quando o antipetismo era mais forte e a sigla enfrentou dificuldade de fazer alianças. A deputada afirma que a legenda deverá discutir a representatividade de negros e mulheres, mas ressaltou que é importante observar a competitividade dos candidatos.

Bolsonaro fora

A inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro também foi comentada por petistas, que o reconhecem como um bom adversário para quem é governo. Aliados de Lula, no entanto, avaliam que as eleições municipais vão testar a resistência do bolsonarismo e apostam que o ex-presidente não terá a mesma resiliência que o PT teve em momentos de adversidades, com auge da Lava-Jato e prisão do Lula.

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