Causa Indígena

Cacique Raoni pede ajuda a Lula antes de viagem à Europa

Raoni pede três coisas a Lula, entre elas o comprometimento com a demarcação das terras indígenas

Foto de arquivo tirada em 16 de janeiro de 2020, o líder indígena Raoni Metuktire, da tribo Kayapó, posa para uma fotografia na aldeia Piaracu, perto de São José do Xingu, Mato Grosso, BrasilFoto de arquivo tirada em 16 de janeiro de 2020, o líder indígena Raoni Metuktire, da tribo Kayapó, posa para uma fotografia na aldeia Piaracu, perto de São José do Xingu, Mato Grosso, Brasil - Foto: Carl de Souza / AFP

O cacique Raoni, símbolo da luta pela causa indígena no Brasil, pediu ajuda ao ex-presidente e pré-candidato às eleições presidenciais de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva, antes de viajar à Europa em setembro, informou nesta terça-feira (24) uma ONG francesa.

O célebre cacique, que usa um grande disco labial, enviou uma carta ao líder da esquerda brasileira por intermédio da princesa Esmeralda de Bélgica.

Ativista engajada pelo clima e pelos direitos indígenas, ela acaba de passar cinco dias "muito emotivos" na aldeia de Raoni, no Xingu, no Mato Grosso, 60 anos depois de seu pai, o rei Leopoldo III, conhecer ali o cacique, ainda muito jovem.

"É fundamental que os direitos dos povos indígenas e a demarcação estejam no centro das eleições. Decidimos ir fazer esta reportagem com o indígena mais lendário, o cacique Raoni", explicou à AFP a princesa, que está filmando um documentário e esteve acompanhada da ONG Planète Amazone.

"Foi ele quem me pediu que transmitisse esse pedido a Lula, com quem quer estabelecer um diálogo. Com o outro candidato não pode", acrescentou, em alusão ao presidente Jair Bolsonaro.

A princesa Esmeralda disse ter conhecido Lula em São Paulo nesta terça-feira "como jornalista e ativista, não como membro da família real belga".

Em sua carta, à qual a AFP teve acesso, Raoni pede três coisas a Lula, que é favorito ao pleito em outubro, "caso seja" eleito presidente novamente: "comprometa-se com a demarcação de todas as terras indígenas do Brasil, (com o) fortalecimento da Funai", nomear um indígena para presidir a fundação encarregada da questão indígena e subordinado ao Ministério da Justiça.

Além disso, o cacique nonagenário da etnia caiapó, que denunciou Bolsonaro perante o Tribunal Penal Internacional por "crimes contra a humanidade", pede que Lula incorpore representantes indígenas de cada região do Brasil no ministério de Assuntos Indígenas, que prometeu criar se for eleito.

O cacique fará uma visita a Paris, Bruxelas e Londres entre o fim de setembro e o começo de outubro, que coincidirá com o primeiro turno das eleições, informou a Planète Amazone.

Os indígenas denunciam que são vítimas de invasões de suas reservas por parte de garimpeiros, madeireiros e pecuaristas, que levam violência, doenças e destruição à floresta.

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