Política

Câmara aprova projeto que afrouxa regras e ameniza punição eleitoral

O texto não estabelece valor para o fundo eleitoral, que será definido na discussão do Orçamento 2020

Plenário da Câmara dos DeputadosPlenário da Câmara dos Deputados - Foto: Reprodução/ Portal da Câmara dos Deputados

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou no final da noite desta terça-feira (3) texto-base do projeto de lei que afrouxa regras eleitorais e partidárias, ameniza punições e traz de volta a veiculação da propaganda partidária no rádio e na TV. Foram 263 votos a favor e 144 contra.

O texto não estabelece valor para o fundo eleitoral, que será definido na discussão do Orçamento 2020. A expectativa de boa parte dos partidos é a de que o valor de R$ 1,7 bilhão distribuído em 2018 seja reajustado acima da inflação para o pleito do ano que vem, mas essa definição só deve ocorrer no final do ano.

Leia também:
Câmara dos Deputados lança plano para trabalhadoras gestantes
Bolsonaro pede a MEC projeto de lei para proibir ideologia de gênero


Os congressistas já tentaram, por outros meios, elevar essa cifra a até R$ 3,7 bilhões, mas houve recuo após desgaste público. A Câmara votará nesta quarta-feira (4) os chamados "destaques", que são tentativas de alterações pontuais do texto. Após isso, o projeto segue para o Senado.

Entre os pontos do projeto, há a flexibilização das regras do fundo partidário, a outra fonte pública que abastece as legendas e os candidatos (que está em torno de R$ 1 bilhão). Entre outros gastos, será possível usar o dinheiro do fundo para custear advogados para filiados que tenham problemas com a Justiça, além de redução do percentual que pode ser bloqueado para pagamento de multas.

O partido Novo, que é contra o projeto, classificou essa alteração como "emenda Lula", em referência ao ex-presidente da República, preso desde abril de 2018. O projeto também enfraquece o controle sobre partidos e candidatos, permitindo que eventuais falhas em suas prestações de contas eleitorais ocorra até o julgamento pela Justiça. Essa norma é, pelo texto, estendida a todos os casos em curso.

A proposta ressuscita ainda a veiculação de propaganda dos partidos no rádio e na TV – obrigação que havia sido extinta pela última minirreforma eleitoral justamente em razão da criação do fundo eleitoral.

Após o Supremo Tribunal Federal proibir em 2015 que empresas financiem as campanhas, o Congresso criou o fundo eleitoral, que distribuiu em 2018 R$ 1,7 bilhão de dinheiro público aos candidatos, se somando ao cerca de R$ 1 bilhão do fundo partidário.

Outra das mudanças trazidas pelo projeto é a que passa a um instituto com CNPJ específico a gestão da cota de 5% do fundo partidário destinado à promoção da participação feminina na política.

O discurso oficial é permitir às mulheres gerir esse instituto e, consequentemente, as verbas. Nos bastidores, a intenção é evitar que dirigentes partidários, que continuarão com poder de definir o destino desses recursos, sejam punidos por eventuais desvios.

Conforme a Folha revelou no início deste ano, o PSL de Jair Bolsonaro montou esquema em Minas e Pernambuco para desvio de verbas da cota feminina por meio de candidaturas laranjas nas últimas eleições.

Veja também

Pacheco diz que Senado avalia reduzir alcance da PEC que turbina ganhos de juízes e procuradores
Brasil

Pacheco diz que Senado avalia reduzir alcance da PEC que turbina ganhos de juízes e procuradores

Lula diz que união da oposição contra Maduro na Venezuela é 'extraordinária'
Declaração

Lula diz que união da oposição contra Maduro na Venezuela é 'extraordinária'

Newsletter