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RIO GRANDE DO NORTE

Câmara de Natal vota cassação de vereadora que usou emenda para financiar festa contra Bolsonaro

Líder da oposição na Casa, Brisa Bracchi foi alvo de uma denúncia sobre o uso de recursos públicos para o financiamento de festa em comemoração à prisão domiciliar do ex-presidente

Brisa Bracchi em festa alvo de denúncia por financiamento por emenda no valor de R$ 18 milBrisa Bracchi em festa alvo de denúncia por financiamento por emenda no valor de R$ 18 mil - Foto: Redes sociais/Reprodução

A Câmara Municipal de Natal vota nesta quarta-feira (19) a cassação do mandato da líder da oposição na Casa, a vereadora Brisa Bracchi (PT). Ela é acusada de usar R$ 18 mil em emendas para custear um evento em comemoração à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PT).

A análise do caso estava prevista para acontecer ontem, mas foi adiada por decisão liminar emitida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (RN). Em nota, a direção do PT afirma que a vereadora é alvo de "perseguição" e "violência política".

Brisa foi alvo de uma denúncia feita pelo vereador e influenciador Matheus Faustino (União), que afirmou que um evento feito no dia 18 de agosto, organizado em comemoração à prisão do ex-mandatário, teria sido custeado pela vereadora. A análise do caso ficou a cargo da Comissão Especial Processante da Casa e teve a relatoria assumida pelo vereador Fúlvio Saulo (Solidariedade).

Ao se manifestar no processo, na última quarta-feira, a defesa de Brisa negou irregularidades, afirmou que a vereadora fez apenas a indicação da emenda e que a execução ficou a cargo da Fundação Capitania das Artes (Funcarte), instituição municipal que cuida da gestão cultural da cidade.

No dia seguinte, o relator apresentou um parecer favorável à cassação pelo "uso de recursos públicos em um ato com conteúdo político", disse em nota divulgada pela Câmara.

Também em nota, a sigla disse que a vereadora é alvo de uma "perseguição política" e questionou o fato de o parecer apresentado pelo relator ter sido apresentado em menos de 24 horas após a entrega das alegações finais pela defesa. "Esse lapso temporal sugere que o documento ignorou deliberadamente grande parte dos depoimentos e documentos apresentados, reforçando a tese de um processo já instrumentalizado e iniciado pela denúncia do vereador Matheus Faustino". Através do comunicado, o presidente nacional da sigla, Edinho Silva, também disse que a decisão contra Brisa "já estava pronta, o que caracteriza violência política".

Votação adiada
A votação estava prevista para acontecer na manhã de ontem, mas foi adiada após o Tribunal de Justiça do RN conceder uma liminar em favor da vereadora. Na decisão, o desembargador Cornélio Alves reconheceu que não havia sido respeitado o regimento interno da Casa, que previa que a vereadora deveria ter sido notificada sobre a marcação da sessão no prazo mínimo de 72 horas. A defesa da vereadora, no entanto, alegou que ela foi avisada menos de 24 horas antes. A votação foi, então, remarcada para esta quarta-feira.

Procurada pelo GLOBO, a vereadora afirmou que "a decisão judicial reforça o conjunto de ilegalidades que vem marcando todo o processo, evidenciando que a tentativa de cassação não se sustenta em bases legais, mas se desenrola em um contexto de atropelo às garantias institucionais, reforçando o viés de perseguição política". Através de suas redes sociais, ela também afirmou que enfrentava uma tentativa de "silenciamento" do seu mandato e negou a existência de "qualquer motivo jurídico que embasasse essa perseguição".

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