Petrobras

Caminhoneiros defendem CPI da Petrobras protocolada por deputado do PSL

O setor tenta se descolar da imagem de caminhoneiros que pararam estradas em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e contrárias ao STF.

Sede da Petrobras Sede da Petrobras  - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Com apoio de caminhoneiros, o deputado Nereu Crispim (PSL-RS) protocolou na terça-feira (28) um requerimento para abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a alta dos preços dos combustíveis. O pedido foi feito no dia em que a Petrobras aumentou em 8,9% o preço do diesel.

A partir desta quarta (29), o litro do diesel sairá das refinarias da Petrobras custando, em média, R$ 3,06, aumento de R$ 0,25 em relação ao valor vigente até então. É a primeira vez que o preço do combustível nas refinarias ultrapassa a barreira dos R$ 3.

O acumulado da alta do diesel nas refinarias é de 66% durante o governo Bolsonaro, de acordo com levantamento da FUP (Federação Única dos Petroleiros). Neste ano, a alta acumulada é de 51%.

O preço já impacta o frete dos caminhoneiros, que têm se manifestado contra a política de preços da Petrobras e pelo julgamento de ações no STF (Supremo Tribunal Federal) contrárias à lei que estabelece a política nacional de piso, uma conquista da categoria após a greve de 2018.

"Após esse novo aumento se tornou impossível fazer cálculo em relação aos custos dos caminhoneiros. Discutimos com Dias Toffoli [ministro do Supremo Tribunal Federal], que nos ouviu, e Lira [Arthur Lira, presidente da Câmara] já mostrou ser contrário ao aumento", afirmou Crispim, que preside a Frente Parlamentar do Caminhoneiro Autônomo e Celetista.

A Petrobras justificou que a alta, após 85 dias sem reajuste, "reflete parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio". O preço dos combustíveis é um dos fatores que impulsionou a escalada de inflação nos últimos meses, que deteriora a popularidade do governo federal.

"Existe solução para equilibrar esses preços, o que falta é uma política pública coerente. Se a Petrobras praticasse o preço de paridade internacional, as refinarias estariam operando a plena carga e as importações de óleo diesel e gasolina seriam baixíssimas", diz o documento que pede abertura da CPI.

Desde os atos de raiz golpista de 7 de setembro, entidades de caminhoneiros como a Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores), a CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística) e o CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas) marcaram reuniões nacionais para unificar a categoria em relação às reivindicações, sendo o frete e a política da Petrobras pautas centrais.

O setor, junto a deputados da frente parlamentar, tenta se descolar da imagem de caminhoneiros que pararam estradas em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e contrárias ao STF. Lideranças querem manter boa relação com ministros da Corte porque há três ações movidas por ruralistas e transportadoras que podem afetar a política de frete.

Wallace Landim, o Chorão, um dos líderes da greve de 2018 e que hoje está à frente da Abrava, afirma que a categoria está em diálogo constante com setores da economia prejudicados com a alta de combustíveis e que uma greve não é descartada.

Segundo ele, Bolsonaro se exime da responsabilidade e "tira o corpo fora" ao não reunir todos os envolvidos na formação do preço do combustível na mesa "para encontrar uma solução que pare de sangrar todos os brasileiros".

Após o primeiro encontro de lideranças em Brasília neste mês, foram marcadas reuniões no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Os caminhoneiros devem pressionar a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) por um novo reajuste no frete (uma alteração foi realizada em julho).

Pressionado pela alta de preços, Bolsonaro afirmou nesta quarta, durante em evento em Roraima, que o presidente da Câmara garantiu que colocará em votação um projeto para determinar um valor fixo do ICMS sobre os combustíveis a ser arbitrado pelos governadores.

"Não estamos interferindo no ICMS, afinal isso não é competência minha. Mas, quando cada estado fixar um valor, vocês poderão comparar esse valor com o valor do imposto federal, com a margem de lucro do dono do posto, bem como no valor do transporte. Vocês saberão a causa do valor do diesel, da gasolina e do etanol está no valor atual", disse o presidente.

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