Caruaru a oposição pelo PSB

A vitória de Raquel Lyra em Caruaru é interpretada por analistas como estratégica para a oposição pernambucana. Durante a campanha, o senador Armando Neto (PTB), que disputou o Executivo estadual contra o atual governador Paulo Câmara (PSB), e seu suplente, o caruaruense Douglas Cintra (PTB), declararam apoio à candidatura da tucana, alinhando, desta forma, o grupo político da família Lyra aos opositores do Governo.

Além disso, uma vez que Tony Gel recebeu apoio explícito de Paulo Câmara durante a campanha e o PSB optou por se distanciar do PSDB, entregando os cargos dos tucanos no Governo do Estado, a tendência natural seria que Raquel apoiasse o projeto de Armando Neto a nível estadual.

Para o cientista político Vanuccio Pimentel, as atitudes do Governo do Estado terminaram por “catapultar” a tucana para a oposição. “Me parece que Raquel foi catapultada para a oposição pelo próprio governador. Mesmo que ela tenha dito várias vezes que não era oposição, ela, assim como o DEM e o próprio PSDB, foram preteridos por não apoiarem a candidatura de Geraldo Julio (PSB) no Recife, foram postos para fora do âmbito do Governo. Paulo Câmara entrou na campanha de Tony Gel. Ela pode ir para o palanque de Armando, ou tentar, depois de tudo, declarar apoio ao Governo. Pelo que conheço da família Lyra, eles permanecerão com Armando”, afirmou.

Ainda na visão de Vanuccio, a relação da família Lyra com o atual prefeito José Queiroz, que apoiou Raquel Lyra no segundo turno, não se traduz em apoio à oposição.

“Por conta do apoio do prefeito José Queiroz (PDT) no segundo turno, creio que também existirá uma relativa continuidade do governo dele. Entretanto, deve-se lembrar que, embora se apoiem conjunturalmente, Queiroz e Lyra são grupos diferentes. Creio que não vai haver um alinhamento de Queiroz com a oposição. Eles vão continuar com o Governo do Estado”, considerou.