Daniel vê 'esperteza' de Alcolumbre. Câmara aprova texto sob pressão
Casa Alta jogou com o tempo e ficou com a última palavra
O Senado jogou com o tempo. Com os estados sufocados em função da queda de arrecadação, governadores e secretários da Fazenda dos estados não pouparam telefonemas, ontem, para líderes e coordenadores de bancadas: tinham pressa para que o projeto de socorro aos estados e municípios fosse aprovado da forma como saiu do Senado mesmo, a despeito das imperfeições. No entanto, não foi sem uma movimentação simbólica de recado à Casa Alta que os deputados aprovaram, ontem, por 437 a 34 o PLP 39/20. A ideia foi deixar claro que o texto da Câmara foi "desprezado", "jogado no lixo", nas palavras de alguns. Nessa intenção, o PT recorreu ao seguinte instrumento: pegou o texto do PL 149/2019 e apresentou como emenda, pediu preferência. Se fosse aprovado, valeria ele e não mais o do Senado. Os partidos tinham certeza de que o texto não teria preferência da maioria, não pelo conteúdo, mas pela urgência dos governadores pela chegada dos recursos e isso implica em o presidente Jair Bolsonaro sancionar o mais rápido possível. A engenhosidade serviu, no entanto, para que parlamentares enaltecessem a autonomia da Câmara e o trabalho do relator Pedro Paulo (DEM-RJ), que passou três semanas debatendo o tema. Leia-se: a Câmara fez por onde marcar posição. Deputados repisavam, ontem, nas coxias, que o Senado mandou o texto, porque sabia que os deputados não teriam como não aprovar a essa altura.
O deputado federal Daniel Coelho, único de Pernambuco que votou contra o PL 149/2019, afirmando que ele "deixou migalhas" para o Nordeste, à coluna, realçou, ontem, que o texto do Senado contém "erros graves", que não é "de todo melhor", mas argumentou que o PL 149/2019 era uma "carta de agressão ao governo e mais uma tentativa de conflito do que solução". Enfatizou: "Nenhum dos dois textos é perfeito, mas o do Senado foi construído com mais moderação. Só que a esperteza de Alcolumbre manchou o projeto". Refere-se à vantagem que os estados do Norte levaram, sem nem levar em conta que o Amapá, estado do presidente do Senado, também saiu na vantagem na divisão do chamado auxílio Covid. Citou emenda do Novo para reverter a "esperteza", mas o ponto chave é que a palavra final é do Senado e foi, exatamente, em função disso que Alcolumbre e senadores dobraram a aposta.
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