De aperto de mãos a reunião 'secreta': encontros entre Bolsonaro e Moraes antes de interrogatório
Ex-presidente e ministro estiveram frente a frente poucas vezes nos últimos anos
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficará frente a frente com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta terça-feira durante seu interrogatório. Pela primeira vez, Bolsonaro responderá perguntas feitas diretamente por Moraes, que o questionará sobre a acusação de ter tentado um golpe de Estado.
Nos últimos anos, Moraes tornou-se o principal algoz de Bolsonaro e seus aliados, ao relatar uma série de investigações contra ele no STF. O auge do conflito ocorreu no Sete de Setembro de 2021, quando o então presidente chamou o ministro de "canalha" e afirmou que não cumpriria mais as decisões dele.
Dois dias depois, o ex-presidente Michel Temer, responsável por indicar Moraes ao STF, intermediou uma conversa entre eles por telefone e ajudou Bolsonaro a escrever um texto em que recuou de suas declarações.
Leia também
• Quem é Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro no julgamento do STF?
• Moraes inicia interrogatório de Bolsonaro no STF na ação da trama golpista; assista ao vivo
• Bocejos, risos e futebol marcam julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal; saiba mais
A trégua durou pouco, no entanto, e logo Bolsonaro voltou a fazer fortes ataques tanto ao ministro quanto ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desde então, eles tiveram poucos encontros públicos, além de uma reunião privada.
Entrega de convite
Em fevereiro de 2022, Moraes e o ministro Edson Fachin, também do STF, foram ao Palácio do Planalto entregar um convite para a posse deles na presidência do TSE — Fachin como presidente e o colega como vice. Essa entrega presencial de convite é praxe. Bolsonaro acabou não indo à cerimônia, alegando que tinha "compromissos preestabelecidos".
Aperto de mãos
Em maio de 2022, Bolsonaro e Moraes se encontraram durante um evento no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Enquanto cumprimentava outras autoridades, o presidente fez um gesto para que o ministro se levantasse. Os dois trocaram apertos de mãos e tapinhas nas costas, durante poucos segundos.
Posse no TSE
Em agosto do mesmo ano, Moraes voltou ao Planalto para entregar o convite de sua posse na presidência do TSE, ao lado do então ministro Ricardo Lewandowski (hoje ministro da Justiça), que seria seu vice.
Dessa vez, Bolsonaro compareceu à cerimônia, que ocorreu no início da campanha eleitoral daquele ano. Sentado ao lado de Moraes, o então presidente viu o ministro fazer um discurso com forte defesa das urnas eletrônicas, que vinham sendo alvo de ataques sem provas por Bolsonaro.
Reunião particular
Durante a transição de governo, no fim de 2022, Moraes e Bolsonaro tiveram uma reunião reservada na casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), então ministro da Casa Civil. O encontro só foi revelado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, em áudios divulgados pela revista Veja em março de 2023.
Recebimento da denúncia
Em março, Bolsonaro compareceu ao primeiro dia de julgamento no STF do recebimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele. A presença dele não era obrigatória e foi informada de última hora. Bolsonaro sentou na primeira fileira, a poucos metros de Moraes e dos demais ministros, mas não fez declarações.