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Caso Marielle

Delação contém informações sobre Operação Submersus, que tinha como alvo esposa de Ronnie Lessa

Na época, quatro pessoas foram presas. Entre elas, Elaine Lessa, suspeita de dar sumiço às armas do marido para apagar qualquer tipo de prova que pudesse incriminá-lo

Elaine LessaElaine Lessa - Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

A delação premiada do ex-policial militar Élcio de Queiroz, preso em 2019 suspeito de participar dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, contém informações sobre a Operação Submersus, feita em 2019 pela Polícia Civil e o Ministério Público do Rio.

Na época, quatro pessoas foram presas. Entre elas, Elaine Lessa, esposa de Ronnie Lessa, suspeita de dar sumiço às armas do marido para apagar qualquer tipo de prova que pudesse incriminá-lo. O assunto é tratado em um anexo da delação que está em segredo de justiça.

No depoimento, Élcio diz que conversou sobre a operação com Ronnie enquanto os dois estavam no presídio federal. Segundo ele, as armas procuradas pela polícia estavam no apartamento de Jacarépaguá, mas foi retirado por Márcio Mantovano, o Márcio Gordo. A investigação da DH e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) da época apontou que elas teriam sido retiradas a pedido de Elaine Lessa.

A missão para se livrar do armamento teria acontecido horas antes de a polícia cumprir um mandado no local onde elas estavam armazenadas. Segundo os investigadores, na madrugada do dia 13 de março, três homens vestidos de policiais civis chegaram num Fiat Palio com placa clonada a um conjunto de prédios no Pechincha, em Jacarepaguá, um endereço ligado a Ronnie Lessa, no mesmo condomínio onde mora a sogra dele.
 

Como não apresentaram mandado de busca e apreensão, o síndico do prédio, que é militar, desconfiou e não permitiu a entrada. No entanto, mais tarde, por volta de 13h30m, um homem sozinho — provavelmente Márcio Gordo — conseguiu passar pela portaria e foi até o apartamento, de onde retirou a caixa e a mala. Os policiais da DH chegaram logo depois com um mandado de busca e apreensão no prédio, mas nada havia de valor no apartamento, só jornais espalhados pelo chão do imóvel.

À polícia, Élcio diz que Ronnie tinha R$ 800 mil guardado em latas de munição naquele apartamento. Segundo ele, a filha do ex-bope deu a entender que, desse valor, R$ 400 mil sumiu do local quando Márcio Mantovano, o Márcio Gordo, esteve no local. Os detalhes da conversa sobre a operação, fornecido à polícia em depoimento, segue em segredo de justiça.

A Operação Submersus foi deflagrada em outubro de 2019 para desvendar o local das armas e entender a participação do bando. Ela cumpriu cinco mandados de prisão contra alvos ligados ao sargento reformado da PM Ronnie Lessa. Além da esposa de Lessa, Elaine de Figueiredo Lessa, e o irmão dela, Bruno Figueiredo, foram presos José Márcio Mantovano, o Márcio Gordo, e Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca. Todos foram detidos preventivamente na época.

Segundo as investigações, Márcio Gordo teria retirado as armas de dois endereços ligados ao acusado de matar Marielle, contratado o barco e jogado tudo no mar. A Marinha chegou a fazer buscas no mar das Ilhas Tijucas a pedido do Gaeco e da DH, mas nada foi encontrado.

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