Deputado do PT pede que CPI convoque interlocutora de Cid em tentativa de vender rolex
Integrantes da CPI querem saber qual o papel da assessora no episódio
O deputado Rogério Correia (PT-MG) fez um requerimento para convocar Maria Farani Rodrigues, ex-assessora da Presidência durante a gestão de Jair Bolsonaro. Ela aparece em uma troca de e-mails em que o tenente-coronel Mauro Cid tenta negociar a venda de um relógio da marca Rolex. Pelas mensagens não fica claro se ela é a destinatária final das mensagens ou se está intermediando o diálogo com alguém. A convocação não é unanimidade na base do governo.
Maria Farani foi assessora do Gabinete Adjunto de Informações do Gabinete Pessoal do presidente da República, em 2022, e, até junho deste ano, trabalhava no gabinete da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que é integrante titular da CPI do 8 de Janeiro e foi ministra de Bolsonaro.
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O endereço de e-mail dela aparece em mensagens trocadas com Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro. A conversa é feita em inglês.
"Obrigado pelo interesse em vender seu rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui", consta em uma mensagem enviada pelo e-mail Maria Farani no dia 6 de junho de 2022.
"Quanto você espera receber por ele? O mercado de rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa", também escreveu Farani.
Em resposta, Mauro Cid disse que o rolex nunca foi usado e citou que foi presente recebido durante viagem oficial.
"Nós não temos o certificado do relógio, já que foi um presente recebido durante uma viagem oficial", afirmou. "Eu posso garantir que o relógio nunca foi usado. Pretendo vender por aproximadamente $ 60.000,00 (R$ 300 mil na cotação atual)".
Um rolex cravejado de diamantes aparece na relação de presentes recebidos pelo então presidente Jair Bolsonaro, em 2019. Pela troca de mensagens não há como saber se realmente se trata do mesmo relógio.
Ele foi devolvido pela defesa de Bolsonaro em abril deste ano, após a Polícia Federal instaurar uma investigação para apurar outro conjunto de joias da Arábia Saudita, avaliado em R$ 5 milhões, retido pela Receita Federal no aeroporto internacional de Guarulhos (SP), conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo. O ex-presidente nega qualquer irregularidade.