"É uma disputa de Davi contra Golias", ironiza Rui Falcão sobre eleição interna do PT
Principal adversário de Rui Falcão no PED, Edinho é apoiado pelo presidente Lula
O processo de eleição direta (PED) pela presidência nacional do Partido dos Trabalhadores é uma “disputa de Davi contra Golias”. Essa é a avaliação do deputado federal Rui Falcão (PT-SP), que já ocupou o cargo de dirigente máximo da sigla por seis anos e é um dos cinco candidatos que estão no páreo. Ele afirmou que a diferença na estrutura da campanha do ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, é muito superior à dos demais, incluindo a dele próprio, em entrevista ao podcast “Direto de Brasília”, apresentado por Magno Martins.
“Não disponho dos mesmos recursos que o companheiro Edinho vem utilizando. Tenho um mandato parlamentar em Brasília, vou fazer as viagens para a campanha em breve. A campanha dele começou há bem mais tempo, a minha só no dia 14. Pretendo ir ao Recife, Fortaleza, Salvador, Teresina, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Apesar das adversidades, nossa campanha segue firme, mesmo que seja uma disputa de Davi contra Golias”, ironizou.
Dizendo-se amigo de Edinho, Rui Falcão lembrou episódios em que apoiou o correligionário, mas pontuou “erros de avaliação de conjuntura” por parte do adversário no pleito. “Estive com ele dividindo a comunicação do Lula em 2022. Houve um erro de avaliação de conjuntura. Ele queria fazer uma foto do Lula com o Bolsonaro, sinalizando uma transição pacífica, mas já tinha gente aquartelada nas ruas. Depois disse que era preciso acabar com a polarização, mas ela existe, está dada, é só olhar a extrema direita no mundo.
Ele acena para essa frente do nazismo, do fascismo, não há possibilidade de convivência com diálogo com eles”, disparou Rui Falcão.
O deputado reforçou que o partido precisa se preparar para as disputas majoritárias. Nos principais colégios eleitorais do país, o PT não tem candidatos próprios a governador, tendo que apoiar nomes de partidos aliados. “Precisamos ter quadros nos estados, uma agenda estratégica que não seja só pensando nas eleições.
E é preciso formação política, comunicação e organização, três pilares para se ter mobilização e luta social. A prioridade é aumentar o número de deputados e de senadores, e depois precisamos fazer uma profunda reforma no sistema político eleitoral”, enumerou.
Apesar do clima acirrado que se avizinha em função da disputa, ele acredita que a eleição do PT, “a depender do resultado”, pode favorecer o presidente Lula ao invés de trazer prejuízos ao governo. “O PED pode nos favorecer, porque todo consenso leva a enganos, mas o debate livre e aberto aponta soluções. É isso que nossa candidatura está propondo, mudanças, e espero que essas novas ideias possam fazer com que nosso partido tenha muita coragem e energia para reeleger o presidente Lula”, declarou Rui Falcão.
Sobre não ter o apoio do presidente para a disputa interna, o deputado afirmou que “nunca houve unanimidade no PT, nem com o próprio Lula”. “Claro que o apoio dele é importante, mas acredito que ele não fará nenhuma pressão, até mesmo por respeito a mim, pelas missões que já cumpri pelo PT. E eu também nunca ouvi o presidente declarar apoio ao Edinho, mas claro que ele não usaria o nome do Lula se não houvesse receptividade”, despistou. Governo Lula Rui Falcão avalia que o governo Lula estaria melhorando seus índices de popularidade e começando a virar a chave para chegar forte à reeleição.
“O mais importante é que o governo está se recuperando. Teve vários fatores de desgaste, como a taxação das blusinhas, a armação sobre taxação do Pix, as filas do INSS. São fatores que foram atribuídos ao presidente da República. Mesmo questões estaduais, como a segurança pública, vão para a conta dele. Teve a queda que ele levou, que gerou alguma desconfiança, ainda as viagens internacionais que colocam um certo distanciamento. Mas o presidente começa a restabelecer a popularidade. E mesmo no pior momento, ele sempre apareceu como favorito”, ressaltou Falcão.
O ex-presidente do PT reforçou que a sigla precisa fazer um esforço para dialogar com o segmento evangélico.
“Precisamos acabar com um preconceito que existe muitas vezes. Todos são cidadãos, independente do que acreditam, têm os mesmos direitos a saúde, segurança, moradia, meio ambiente. Isso tem que ser direcionado pelo nosso governo. No passado, já tivemos o apoio da cúpula das igrejas evangélicas. Acho que não é um problema que vá nos levar a perder a eleição, mas é preciso diálogo”, observou.