Dom, 07 de Dezembro

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Em crise com STF, Alcolumbre pauta PEC do Marco Temporal um dia antes de julgamento na Corte

Decisão ocorre após presidente do Senado criticar limitação de impeachment de magistados

Davi Alcolumbre, presidente do Senado.Davi Alcolumbre, presidente do Senado. - Foto: Carlos Moura/Agência Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), decidiu avançar com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do marco temporal da demarcação de terras indígenas e pautou a matéria para ser analisada um dia antes de o Supremo Tribunal Federal ( STF) retomar o julgamento sobre o tema.  

A movimentação ocorre em meio a uma crise aberta entre Alcolumbre e o STF, após o ministro Gilmar Mendes restringir a possibilidade de impeachment de ministros da Corte. 

O marco temporal é alvo de um impasse entre os Três Poderes nos últimos anos. Em 2023, o STF considerou inconstitucional essa tese, que condiciona a demarcação de terras indígenas à ocupação no momento da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. 

Uma semana depois, contudo, o Senado aprovou um projeto de lei diametralmente oposto, validando o marco temporal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a vetar a maior parte da proposta, mas os vetos foram derrubados pelo Congresso.  

O caso voltou ao STF, que decidiu realizar uma conciliação para tentar alterar a lei aprovada e buscar um acordo entre indígenas, que defendem a derrubada integral da lei, e proprietários rurais, que pedem segurança jurídica para permanecer em áreas ocupadas após 1988. 

Agora, os ministros irão analisar, a partir do dia 10, o resultado dessas tentativas de mediação. O relator também é o ministro Gilmar Mendes. O julgamento iria começar na sexta-feira, no plenário virtual, mas foi adiado para permitir que as sustentações orais sejam feitas de forma presencial. 

Enquanto isso, os senadores irão apreciar uma PEC, que retoma a tese do marco temporal, mas com o diferencial de ter mais força do que a lei que está sendo questionada no STF. 

Na semana passada, ao anunciar que pretendia pautar a PEC do Marco Temporal, Alcolumbre acusou o STF de interferir nas prerrogativas do Senado. A reação veio após decisão monocrática de Gilmar, que definiu que apenas a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode apresentar pedidos de impeachment contra ministros da Corte. 

Alcolumbre disse que a medida "causa preocupação" e representa uma "grave ofensa à separação dos Poderes" . Ele também reforçou a necessidade de se "alterar o regime das chamadas decisões monocráticas" de ministros do STF.

— Se é verdade que esta Casa e sua Presidência nutrem profundo respeito institucional ao STF, também é que, nesta relação, haja reciprocidade efetiva, e que seja igualmente genuíno, inequívoco e permanente o respeito do Judiciário ao Poder Legislativo, às suas prerrogativas constitucionais e à legitimidade de suas decisões — declarou o senador no último dia 3.

Antes, na terça-feira, Alcolumbre já havia criticado o governo federal pela forma de conduzir a indicação de Jorge Messias ao STF. O presidente do Senado cancelou a sabatina de Messias, que estava marcada para o dia, e afirmou que o Executivo não cumpriu o rito necessário, por não ter enviado a mensagem formalizando a escolha. 

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