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BASTIDORES

Emendas devem azedar relação de Lula com Alcolumbre e Motta. Entenda

O fato, entretanto, é que a relação de Lula com Motta e Alcolumbre, dois representantes orgânicos do Centrão, pode até ser uma lua de mel no início, mas tende a virar fel com o passar dos dias.

Legislativo: dias difíceis virão para Lula, Motta e AlcolumbreLegislativo: dias difíceis virão para Lula, Motta e Alcolumbre - Foto: Agência Brasil/EBC/Divulgação

No primeiro encontro do presidente Lula, ontem, com os dois novos xerifes do parlamento brasileiro – Davi Alcolumbre e Hugo Motta, presidentes do Senado e Câmara, respectivamente – o que se viu foi um Lula mais alegre, descontraído e animado, bem diferente daquele presidente carrancudo que aparecia nas reuniões protocolares, não tanto pela companhia do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, mas, principalmente, do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira.

O fato, entretanto, é que a relação de Lula com Motta e Alcolumbre, dois representantes orgânicos do Centrão, pode até ser uma lua de mel no início, mas tende a virar fel com o passar dos dias. Isso se viu, por exemplo, nos discursos feitos no dia da eleição, no último sábado. Eles deram recados muito fortes sobre o ponto mais conflituoso hoje da relação entre Executivo e Congresso: as emendas parlamentares.

Ambos deixaram claro que não estão dispostos a abdicar do que chamam de "suas prerrogativas". A prerrogativa do Congresso é aprovar o Orçamento, alterar a formulação, determinar onde o governo vai gastar ou não os recursos públicos, e isso já representa muito poder. As emendas, no entanto, introduziram uma distorção. Na proporção que tomaram, representaram cerca de R$ 45 bilhões em 2024, o Congresso passou a executar o Orçamento, o que é função do Executivo.

Apesar de todos os discursos em torno da harmonia entre os Poderes, os presidentes das duas Casas deixaram claro que não vão abrir mão das emendas. Parte da decisão permanecerá nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Flávio Dino tem atuado na suspensão da execução de emendas que não cumprem os critérios de transparência estabelecidos pela Constituição. Ou seja, o problema continua no meio da Praça dos Três Poderes.

A boa notícia é que o senador Davi Alcolumbre e o deputado Hugo Motta deram indicações de que darão prioridade à pauta econômica. Motta chegou a falar, inclusive, que a pauta econômica é mais importante do que a de costumes, que pode, às vezes, mobilizar interesses, mas pouco altera a vida das pessoas. O presidente da Câmara disse ainda fez uma agenda econômica em que a prioridade é o equilíbrio fiscal e o combate à inflação. 

 

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