Estádio foi “presente” para Lula, diz Emílio Odebrecht
Pai de Marcelo, que foi condenado pela Lava Jato, afirmou, em acordo de delação premiada, ainda em fase de negociação, que Arena Corinthians foi um “regalo” para o ex-presidente
O agrado, na versão de Emílio, foi uma retribuição à suposta ajuda de Lula ao grupo nos oito anos em que o petista comandou o país, de 2003 a 2010. Sob governos do PT, de 2003 a 2015, o faturamento do grupo Odebrecht multiplicou-se por sete, de R$ 17,3 bilhões para R$ 132 bilhões, em valores nominais (a inflação do período foi de 102%).
Emílio é pai de Marcelo Odebrecht, preso desde junho de 2015 e condenado a 19 anos de prisão.
Por pressão do patriarca, ele e cerca de 80 executivos do grupo decidiram buscar um acordo de delação premiada. Os relatos, que indicam suborno, ainda terão de ser homologados pela Justiça.
Emílio passou a integrar o acordo porque era o principal interlocutor de Lula. Foi o mais ardoroso defensor da delação, vista por ele como a única saída para salvar o grupo da falência. Após a prisão de Marcelo, a Odebrecht passou a ter problemas de crédito com bancos e acumula dívidas de R$ 110 bilhões.
Itaquerão
Conhecida como Itaquerão, a arena do Corinthians, foi construída pela empreiteira de 2011 a 2014, quando foi palco da abertura da Copa do Mundo. Custou R$ 1,2 bilhão, quase 50% acima da estimativa inicial do projeto, de R$ 820 milhões.
Em 2010, o último ano de Lula à frente da Presidência, o clube ficou em quinto lugar no Campeonato Paulista, terceiro no Brasileiro e nono na Libertadores. Em 2007, havia sido rebaixado.
Outros casos
Além do caso do estádio, Emílio relata na proposta de acordo de delação que tinha reuniões com Lula, muitas vezes com frequência mensal. Nesses encontros,Emílio pediu e obteve o aval de Lula para ajudar a empreiteira a se expandir pela América Latina e África.
O petista é réu numa ação que tramita em Brasília, sob acusação de ter ajudado a Odebrecht a conquistar contratos em Angola. As questões práticas de como o PT seria beneficiado pela ajuda à Odebrecht seriam tratadas entre Marcelo e o ex-ministro Antonio Palocci, que aparece com o codinome de "Italiano" em documentos apreendidos pela Polícia Federal .