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Política

Ex-comandante da Marinha critica antigo chefe da Aeronáutica: "Quem fala demais dá bom dia a cavalo"

Almir Garnier reclamou de atitude de Baptista Junior, que o implicou em seu depoimento como testemunha

Almirante Almir GarnierAlmirante Almir Garnier - Foto: Ton Moline/ STF

O ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos fez diversas críticas ao ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal ( STF). Há duas semanas, Baptista Junior implicou Garnier em seu depoimento como testemunha na ação penal da trama golpista, afirmando que ele colocou suas tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Assista aos interrogatórios ao vivo:

Em um dos momentos, Garnier afirmou que o colega oferecia um "assessoramento político" a Bolsonaro, e disse considerar aquilo "desnecessário".

— Ele tinha ideia de que poderia dar assessoramento político ao presidente. Eu achava aquilo tão desnecessário. (Ele falava) No sentido de que: "presidente, o senhor tem que ter um plano de comunicação melhor, o senhor tem que...". Eu não era assessor do presidente. Eu era o comandante da Marinha.

Em seguida, afirmou que preferia ficar calado, porque "quem fala demais dá bom dia a cavalo".

— Então, a mim só interessava ou só interessaria alguma coisa caso eu recebesse alguma ordem, alguma orientação, para agir de alguma maneira. Fora isso, eu preferia me manter calado, porque, como disse o próprio doutor Demóstenes um dia em audiência com o senhor, quem fala demais dá bom dia a cavalo.

Em outro trecho, criticou uma fala feita por Baptista Junior ao então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, afirmando que não seria compatível com um comandante.

— Acho até que não se coaduna com a atitude de um comandante de Força. Um comandante não diz ao ministro da Defesa palavras dessa natureza.

Garnier referiu-se ao relator do ex-comandante da Aeronáutica de que, em uma reunião com Paulo Sérgio, não aceitou receber um documento, após perguntar se a peça previa a "não assunção no 1º de janeiro do presidente eleito". Como o ministro ficou em silêncio, ele interpretou que sim.

— E aí eu falei: "não admito sequer receber esse documento, não ficaria aqui". Levantei, saí da sala e fui embora. Como eu falei para o senhor, na guerra o objetivo político é quem faz ganhar ou perder a guerra, não é o militar. E eu tinha um ponto de corte. Eu tinha muito respeito pelo presidente, por todos os meus colegas, mas eu tinha um ponto de corte — disse Baptista Junior, que foi ouvido como testemunha.

O STF realiza desde segunda-feira os interrogatórios dos réus da ação penal da trama golpista. Garnier foi o terceiro a ser ouvido, após o tenente-coronel Mauro Cid e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

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