Gleisi prega a resistência e diz que mexeram em um 'vespeiro'
"Se eles queriam fazer enfrentamento político, deram a largada", disse a presidente nacional do PT
A dois dias do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), também pregou resistência para mostrar que não estão "mancos", nesta segunda (22). A fala corrobora o discurso do líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), que voltou a defender "luta nas ruas", durante ato em Porto Alegre.
"Estamos em uma bifurcação histórica. Ou a gente enfrenta este processo, mostra que vai ter resistência neste país, ou eles vão passar por cima de nós". Segundo a petista, "eles mexeram num vespeiro". "Se eles queriam fazer enfrentamento político, deram a largada", disse.
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Gleisi disse ainda em entrevista à Rádio Guaíba, em Porto Alegre, nesta segunda, que a imprensa e setores da direita não esperavam o apoio da população à candidatura de Lula. "O sonho de consumo da direita brasileira, dessa gente que está governando e acabando com o Brasil, é fazer uma disputa eleitoral entre eles... Está igual o jogo do Garrincha com os russos, esqueceram de combinar com os russos", afirma.
"Matar gente"
A senadora voltou a criticar a repercussão na imprensa da declaração que fez, de que para prender Lula seria preciso "matar gente". "Não vi essa indignação com a morte do reitor Cancellier. Daí faço uma fala, que é uma força de expressão, e eles surtam. É absurdo o que estamos vivendo. O que estão fazendo de incitação à violência desde o golpe da Dilma é uma barbaridade. Aí quando queremos levantar o tom da voz nós não podemos?"
Questionada sobre a possibilidade de Lula ser preso, Gleisi afirmou três vezes que o partido não trabalha com essa hipótese e que também não há intenção de substituir Lula por outro candidato.
"Qualquer ação política que faça no sentido de não confirmação da candidatura do Lula é reconhecer o processo que estamos denunciando", disse a senadora, novamente criticando a sentença que condenou o ex-presidente Lula a nove anos e meio de prisão.
Gleisi comparou o tratamento dado por Moro a Lula ao da ex-mulher de Eduardo Cunha, Claudia Cruz, que foi absolvida pelo juiz, que teria dito que o dinheiro que ela gastou era ilegal, mas que não tinha relação com Petrobras. "O Sergio Moro tem muito a explicar sobre essa relação Eduardo Cunha e Claudia Cruz", afirmou.
Sobre a menção de seu nome nas delações da Odebrecht, Gleisi disse que seu caso é semelhante ao de Lula, que não há provas e que seria preciso provar que tinha recebido dinheiro ilegal para a campanha. "Se tiver uma condenação no meu caso, ninguém mais vai ser absolvido nesse país", afirmou.
Em outra crítica ao Judiciário, Gleisi falou da entrevista concedida pelo presidente do TRF-4 sobre o julgamento. "A couraça se quebra quando chegam os holofotes, infelizmente", disse, acrescentando: "Não estou aqui para julgar, mas ele não podia ter dado entrevista. Tinha que se preservar".