Governo negocia espaço para Pacheco virar ministro de Lula
Jaques Wagner deve conversar com senador sobre cargos desejados
Articuladores políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão encarregados de costurar a entrada do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no governo.
No sábado, data em que o parlamentar deixou o comando do Congresso, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), avisou Pacheco que gostaria de conversar com ele nos próximos dias sobre espaços na Esplanada dos Ministérios.
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Aliados do agora ex-presidente do Senado tem expectativa de que definições sobre qual pasta o parlamentar irá ocupar podem ocorrer até sexta-feira, período em Pacheco ainda estará em Brasília.
A partir da próxima semana, o senador vai tirar 15 dias de férias, somados ao feriado de Carnaval.
— Quero conversar com ele para saber qual é a vontade dele. Tem muita gente falando coisa dele e não sei qual a vontade dele. Todo mundo arrisca dizer arrisca dizer que o sonho dele seria ir para o Supremo, mas nunca ouvi isso literalmente — disse Wagner.
Interlocutores de Pacheco afirmam que há pelo menos três meses Lula vem repetindo, em conversas privadas com o senador, que gostaria que ele fizesse parte do governo.
Ainda que Lula não tenha indicado qual seria esse espaço, a expectativa também replicada por líderes do governo e ministros palacianos.
O espaço mais citado reservadamente é o Ministério de Indústria e Comércio, atualmente ocupado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. A ala do governo que é entusiasta da ideia aponta que o parlamentar poderia ser uma ponte entre Lula e o empresariado mineiro, que atualmente orbita em torno do governador Romeu Zema (Novo).
O nome de Pacheco também é lembrado para os ministérios da Justiça e Ciência e Tecnologia.
Lula vem refletindo nas últimas semanas sobre troca ministerial com foco em acordos para eleições de 2026, em azeitar relação com Congresso e melhora na popularidade.
Articuladores do presidente devem usar esta semana para preparar terreno junto a Pacheco. Já interlocutores do parlamentar confirmam que há um movimento em curso para ele ir para o governo, mas que o senador aguarda convite vindo de Lula para então avaliar se irá aceitá-lo.
Devem pesar nesse cálculo se a eventual entrada de Pacheco será um movimento partidário, de aproximação com PSD, ou uma escolha de cota pessoal de Lula, além dos compromissos que o presidente pedirá ao senador se formalizar o convite para integrar o governo.
Na última quinta-feira, Lula defendeu nome de Pacheco para concorrer ao governo de Minas Gerais em 2026. Segundo maior colégio eleitoral do país, o presidente deseja ter o senador como palanque eleitoral no próximo ano:
— O que eu quero é que o Pacheco seja governador de Minas Gerais — afirmou Lula a jornalistas.
Auxiliares de Lula tentam atrelar o ingresso de Pacheco no governo ao compromisso de ele concorrer ao governo de Minas.
Aliados do senador, no entanto consideram improvável que o parlamentar vá chancelar esse compromisso com tanta antecedência do pleito.
Além de não demonstrar claro apetite para disputar o Palácio Tiradentes, Pacheco não tem perfil de antecipar movimentos políticos, e indica a pessoas próximas que irá esperar o cenário político e econômico do ano que vem para definir se irá ou não disputar a eleição.