Há indícios razoáveis para recebimento da denúncia contra Anderson Torres, diz Moraes
O Supremo julga se recebe ou rejeita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete acusados
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes disse nesta quarta-feira, 26, que há "indícios razoáveis" para o recebimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-ministro da Justiça Anderson Torres
O Supremo julga se recebe ou rejeita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete acusados de tentarem um golpe de Estado após as eleições de 2022. O ex-presidente nega envolvimento com a trama.
Na ocasião, Moraes mencionou a descoberta da minuta de golpe na casa de Torres, o retorno dos Estados Unidos sem o celular para verificação da perícia e a participação em live em que Bolsonaro fez ataques à Justiça Eleitoral.
"Nada que o ministro da Justiça faz ou fala publicamente é irrelevante, para o bem ou para o mal. A utilização do cargo para atacar instituições, para atacar a Justiça Eleitoral, para falar de urnas nunca é irrelevante", declarou Moraes.
O ministro citou a participação de Torres na live de 29 de julho de 2021, "em que o denunciado Jair Messias Bolsonaro inaugurou os ataques ao sistema eleitoral brasileiro, em relação às próximas eleições, que seriam em 2022".
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Em seguida, Moraes afirmou, com base na denúncia da PGR, que Torres, em depoimento à Polícia Federal de 26 de agosto de 2021, "confessou que mentiu na transmissão da live, afirmando que não foi possível depreender do material que teve acesso a existência de fraude ou manipulação de votos".
O magistrado também mencionou a participação de Torres em reunião ministerial de 5 de julho de 2022. "O então ministro da Justiça diz, atentando contra as instituições", leu Moraes. Na ocasião, o ministro leu a seguinte declaração de Torres:
"Qualquer um aqui tem medo de digitar a senha do banco. Não fica preocupado se a senha está sendo hackeada? Que dirá o sistema eleitoral? Um sistema desse tamanho, com esse tanto de indício, a gente precisa atuar agora, e é isso que tenho buscado atender", disse Torres, segundo a leitura de Moraes.
Segundo o magistrado, a fala na reunião, com outros indícios apontados pela PGR, "mostra exercício do cargo para atuar contra as instituições". O ministro também citou a volta de Torres dos Estados Unidos, sem o celular para a perícia.
"Decretada a prisão do denunciado Anderson Gustavo Torres, ele estava nos Estados Unidos e, quando voltou, voltou sem o seu celular. Então não foi possível fazer a perícia necessária no seu celular para verificar a troca de mensagens".