Haddad, Mercadante e políticos da América Latina repudiam falas de Bolsonaro contra Bachelet
A nota de repúdio é assinada por 29 autoridades que se denominam o "Grupo de Puebla"
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o ex-ministro Aloizio Mercadante, o candidato à Presidência da Argentina Alberto Fernández e os ex-presidentes Rafael Correa, do Equador, e José Luiz Zapatero, da Espanha, assinam uma nota de repúdio às falas do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, contra a ex-presidente do Chile Michel Bachelet e ao seu pai, general Alberto Bachelet.
A nota de repúdio é assinada por 29 autoridades que se denominam o "Grupo de Puebla". Entre os nomes que a subscrevem estão também os presidenciáveis Alberto Fernández, da Argentina, e Daniel Martínez Villamil, do Uruguai.
O documento afirma que "essas agressões demonstram, mais uma vez, que Bolsonaro é incapaz de conviver, de forma civilizada e democrática, com a comunidade internacional".
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"Bolsonaro, um notório defensor das ditaduras, da tortura e do extermínio de opositores democráticos, equiparados por ele a bandidos, tem absoluto desprezo pelos direitos humanos, pela democracia, pelo meio ambiente e por toda a agenda de desenvolvimento sustentável defendida pela ONU e pela comunidade internacional", segue o texto.
"Sua inacreditável defesa da brutal ditadura de Pinochet, repudiada de forma unânime pelo mundo civilizado, o torna um solitário e desprezível pária político."
Na manhã desta quarta-feira (4), Bolsonaro escreveu em uma rede social que "Michelle Bachelet, seguindo a linha do [presidente francês Emmanuel] Macron em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos [de bandidos], atacando nossos valorosos policiais civis e militares".
"Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece de que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época", prosseguiu Bolsonaro, que publicou também uma foto de Bachelet, quando presidente, ao lado das ex-mandatárias Dilma Rousseff (Brasil) e Cristina Kirchner (Argentina).
Leia a íntegra da nota abaixo:
"Nós, 'Grupo de Puebla', repudiamos veementemente as vergonhosas agressões do presidente Bolsonaro à Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Senhora Michelle Bachelet, e ao seu pai, o General Alberto Bachelet, torturado e assassinado pela ditadura de Pinochet.
Essas agressões demonstram, mais uma vez, que Bolsonaro é incapaz de conviver, de forma civilizada e democrática, com a comunidade internacional. Bolsonaro, um notório defensor das ditaduras, da tortura e do extermínio de opositores democráticos, equiparados por ele a bandidos, tem absoluto desprezo pelos direitos humanos, pela democracia, pelo meio ambiente e por toda a agenda de desenvolvimento sustentável defendida pela ONU e pela comunidade internacional.
Sua inacreditável defesa da brutal ditadura de Pinochet, repudiada de forma unânime pelo mundo civilizado, o torna um solitário e desprezível pária político. Sua noção estreita de soberania inclui o suposto direito de assassinar impunemente que for considerado indesejável, de negar os direitos dos povos originários e de devastar a floresta amazônica, mas exclui a defesa altaneira do patrimônio nacional e uma política externa independente.
Fruto dessa mentalidade arcaica, seu governo devasta florestas, direitos e vidas. Bolsonaro, homem pequeno, não representa o Brasil, país magnânimo e solidário, que deseja contribuir positivamente para solucionar os problemas que afetam o planeta e a humanidade.
Por último, enviamos toda a nossa solidariedade à senhora Michelle Bachelet, que desempenha com muita competência suas elevadas funções na ONU, e manifestamos nossa firme convicção de que o General Alberto Bachelet, seu pai, foi um militar honrado e democrático, ao contrário daqueles que defendem ditaduras e torturadores.
Fernando Haddad, ex-ministro de Educação e ex-candidato presidencial, Brasil.
Alberto Fernández, atual candidato à presidência, Argentina
Daniel Martínez Villamil, ex Ministro e senador, atual candidato à Presidência, Uruguai.
José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente, Espanha.
Rafael Correa, ex-presidente, Equador.
Cuauhtémoc Cárdenas, ex-candidato presidencial e fundador do PRD, México.
Karol Cariola, deputada, Chile.
Leonel Fernández, ex-presidente, República Dominicana.
Julián Andrés Domínguez, ex-deputado e ex-ministro, Argentina.
Miguel Barbosa Huerta, governador de Puebla, México.
José Miguel Insulza, ex-secretário-geral da OEA, atual senador, Chile.
Camilo Lagos, presidente do Partido Progressista do Chile.
Guillaume Long, ex-chanceler, Equador.
Clara López Obregón, ex-ministra do Trabalho e ex-candidata presidencial, Colômbia.
Esperanza Martinez, ex-ministra da Saúde, atual Ssenadora, Paraguay.
Aloizio Mercadante Oliva, ex-ministro da Educação e ex-chefe de gabinete da Presidência, Brasil.
Alejandro Navarro, senador, Chile.
Carlos Ominami, ex-ministro da Economia e ex-senador, Chile.
Yeidckol Polevnsky, presidenta de Morena, México.
Gabriela Rivadeneira, da Assembleia Nacional, Ecuador.
Ernesto Samper, ex -presidente, Colômbia.
Felipe Carlos Solá, deputado nacional, Argentina.
Carlos Sotelo García, ex-senador, México.
Jorge Enrique Taiana, ex-chanceler, Argentina.
Carlos Alfonso Tomada, ex-ministro do Trabalho, atual legislador federal, Argentina.
Beatriz Paredes, senadora, México.
Celso Amorim, ex-chanceler, Brasil.
Carol Proner, jurista, Brasil.
Marco Enríquez-Ominami, ex-candidato à Presidência, Chile."