Herança de Picciani: viúva diz que marido está "se revirando no caixão" por briga com enteados
Viúva afirma que filhos do ex-deputado se distanciaram dela após a morte e pararam de pagar as contas sem avisar
Em meio a uma batalha judicial travada com os enteados pelo patrimônio estimado de meio bilhão de reais do ex-deputado estadual Jorge Picciani, a viúva Hortência Picciani foi às redes sociais para relatar o seu lado da história. Em postagens no Instagram, ela afirmou que, logo após a morte do marido, os filhos do primeiro casamento de Picciani — Rafael, Leonardo e Felipe — pararam de pagar as contas sem dar explicações. De acordo com Hortência, ela e seu filho de seis anos, o caçula Vicenzo, começaram a ser excluídos de eventos da família antes mesmo da ação que em segredo de Justiça na 1ª Vara de Família do Rio de Janeiro ser instaurada.
"Depois que o Jorge morreu, o que foi me passado é que eu seria uma irmãzinha, que eu e Vicenzo seriamos protegidos. Eu não fiquei magoada de sair da minha casa e ter que alugar porque realmente era uma casa grande e tinha despesas muito altas. Porém, a forma com que as coisas foram feitas. De repente começou um tratamento meio grosseiro, de não convidar o Vicenzo para ir nos eventos" disse a viúva.
A casa a qual ela se refere se trata de uma mansão situada na Barra da Tijuca. Antes da morte de Picianni, Hortência e Vicenzo moravam neste imóvel. Segundo ela, a mudança para um apartamento de dois quartos não foi um problema: ela diz não ser "sem noção" e que prontamente acatou a sugestão dos enteados:
"Quando avisei que ia trocar de advogada, começaram a cortar meus pagamentos e avisando por funcionários. Dois meses depois, passaram a não pagar nenhuma conta. Um tratamento que eu acho que a esposa do pai deles, que ficou até o ultimo minuto ao lado deles e do pai, não merece passar por isso" afirmou.
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Diante dos cortes de gastos, Hortência disse que teve que tirar Vicenzo da escola e que, se não fosse o aluguel da mansão, teria que voltar a morar com sua mãe. "Meu marido deve estar revirando no caixão", completou.
A ação que corre em sigilo de justiça foi inicialmente divulgada pela Revista Veja. O objeto do processo é a Agrobilara, holding com sede na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro. A empresa tem registradas em seu nome seis fazendas - em Mato Grosso, Minas Gerais e Rio de Janeiro - usadas para criação de gado nelore e 23 imóveis, entre eles uma cobertura em Ipanema e um terreno de 1,6 mil metros quadrados em um condomínio na Barra da Tijuca. As informações são da revista Veja.
A Agrobilara também tem um jatinho para oito passageiros, cinco picapes, três caminhões, três tratores. A holding ainda controla uma mineradora, a Coromandel, com capital social de R$ 27 milhões.
Partilha de bens
Uma década antes de morrer, Picciani repartiu a Agrobilara. O ex-deputado, seus três filhos do primeiro casamento e sua ex-mulher ficaram, cada um, com 20% da empresa. O ex-parlamentar, no entanto, casou-se novamente e teve mais um filho.
Hortência da Silva Oliveira, 35 anos, foi casada com Picciani por sete anos e teve um filho com o ex-deputado. Em nota enviada à Veja, Rafael, Leonardo e Felipe afirmaram que todas as etapas do inventário foram "rigorosamente cumpridas, desde a apresentação de bens, como procedimentos de avaliação, com a participação do Ministério Público, face à existência de herdeiros menores". E acrescentam que as "afirmações da Sra. Hortência, em sua rede social pessoal, não são verdadeiras".
Os três finalizam dizendo que nenhum detalhamento dos autos dos processos será dado, "considerando o segredo de justiça existente e a presença de herdeiros menores".
Condenado por corrupção
Picciani foi condenado a 21 anos de prisão por envolvimento em esquemas de propinas a deputados, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-parlamentar foi alvo de duas operações, a Cadeia Velha e a Furna da Onça, ambas, desdobramentos da Lava-Jato. Ele chegou a ser preso em 2019, mas passou para regime domiciliar dois anos depois, devido a um câncer de próstata. O ex-deputado morreu pouco após sair da cadeia, aos 66 anos.
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