“Hora de passar as coisas a limpo”, diz empresário
Eike Batista, que se entregou à Polícia e foi transferido para o presídio de Bangu 9, pensa em fazer delação
Ele desembarcou do voo vindo de Nova York e foi imediatamente preso pela Polícia Federal. Na sequência, foi levado para o sistema penitenciário. Ele teve os cabelos raspados, procedimento padrão no Rio.
Ainda no aeroporto JFK, em Nova York, o empresário deu sinais de que pode firmar delação premiada com o Ministério Público Federal. "Está na hora de eu ajudar a passar as coisas a limpo (...). Vou mostrar como são as coisas, simples assim", disse.
Hoje, Eike deve prestar depoimento à PF, mas enfrentará resistências a uma eventual colaboração. Pesam contra ele o fato de ter mentido, na análise de investigadores, sobre o repasse de R$ 1 milhão ao escritório da ex-primeira-dama do Rio, Adriana Ancelmo. A versão de Eike foi desmentida pela Caixa Econômica, que negou ter indicado a banca ao fundo de investimento imobiliário que formou com o empresário.
O foco das investigações é a movimentação de sua conta Golden Rock, no Panamá, citada tanto no esquema do ex-governador Sérgio Cabral, como na transferência para Mônica Moura, mulher do marqueteiro do PT, João Santana. No Rio, Eike é suspeito de ter pago US$ 16,5 milhões em propina a Cabral.
Presídio e Luma
Bangu 9, que tem capacidade para 547 presos, mas abriga 424, é conhecida por ser uma das mais novas unidades do sistema prisional do Rio, mais limpa e menos violenta que a maioria das unidades. Eike dividirá cela com outros cinco presos e ficará num local conhecido como "faxina", que são as celas em que ficam os presos que trabalham no presídio, ocupado por ex-policiais militares e ex-milicianos. Ele terá direito a duas horas de banho de sol e café com leite e pão com manteiga no café da manhã. A decisão de transferi-lo foi para preservar sua integridade.
Ainda ontem a ex-mulher de Eike, Luma de Oliveira defendeu- o nas redes sociais: "(Ele) Fez muitos investimentos no nosso país com recursos próprios. Infelizmente, parece que os empresários ficam acuados por pseudogovernantes. Lamentável. Mas ele enfrenta o que tiver que enfrentar".
Juiz
Responsável por prender o empresário Eike Batista e o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o juiz federal Marcelo da Costa Bretas ganhou os holofotes e vê seu nome mencionado entre os cotados para a vaga de Teori Zavascki, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é um de 30 magistrados relacionados em uma pré-lista da Associação de Juízes do Brasil.
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