Dom, 07 de Dezembro

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Lula disse a Trump que Bush foi o presidente dos EUA com quem teve melhor relação

Boa relação bilateral com Bush não impediu que Lula discordasse do Republicano em momentos delicados como o da Guerra do Iraque

Ex-presidente dos EUA, George W. BushEx-presidente dos EUA, George W. Bush - Foto: ONIRUL BHUIYAN / AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que o líder americano com quem teve melhor relação foi George W. Bush, republicano como o atual ocupante do cargo. Os dois se falaram por telefone na manhã de segunda-feira (6).

Com a referência, segundo interlocutores, Lula quis mostrar a Trump que foi com um presidente do seu partido que ele construiu o melhor vínculo diplomático enquanto foi presidente do Brasil.

Em dezembro de 2002, Lula foi recebido por Bush no Salão Oval da Casa Branca para uma conversa antes mesmo de tomar posse. A partir do encontro, Lula teve acesso ao telefone de Bush. Ainda que em campos ideológicos distintos, os presidentes voltaram a se encontrar em outras ocasiões. Em 2007, Lula foi o primeiro latino recebido pelo republicano na casa de veraneio de Camp David.

A boa relação bilateral não impediu que Lula discordasse de Bush em momentos delicados da gestão Republicana como o da Guerra do Iraque. Na época, Lula deu declarações públicas de que o conflito era um erro americano. O entorno de Lula afirma que o petista sempre preferiu tratar com os Republicanos por uma questão de estilo e jeito de trabalhar, apesar das diferenças ideológicas. Bush comandou a Casa Branca entre 2001 e 2009, maior parte dos dois primeiros mandatos de Lula à frente do Palácio do Planalto.

Agora, auxiliares presidenciais avaliam que a negociação sobre o tarifaço americano sobre importação de produtos brasileiros também parte de uma questão pessoal de Trump, do líder que faz negócio com quem ele simpatiza e que "pessoaliza" questões institucionais entre dois países. Dentro desse cenário, Lula tem feito gestos para cativar o americano e usou a ligação para mostrar que poderá ter a simpatia do americano.

Durante os 30 minutos de ligação, a estratégia do brasileiro foi dar a largada na conversa citando o que Trump afirmou em seu discurso na ONU, quando o americano mencionou a "boa química" com o petista, buscando quebrar o gelo logo no início do contato. O entorno petista vê que o primeiro gesto que baixou a temperatura entre Casa Branca e Palácio do Planalto foi dado pelo americano na ONU.

A partir daí, Lula e Trump conduziram uma conversa em tom amistoso e com elogios mútuos. Como mostrou a colunista Bela Megale, Lula comentou que completaria 80 anos em outubro e que é alguns meses mais velho que Trump, que fará 80 anos em junho do ano que vem. Trump respondeu que se sentia em melhor forma agora, como um "garoto de 40 anos". Disse ainda que ambos pareciam ter essa 40 anos.

Auxiliares que acompanharam o diálogo afirmam que Lula, ao pedir o fim das sanções dos EUA sobre brasileiros, como a suspensão de vistos e as penalidades da Lei Magnitsky, optou por não citar nomes. Em nenhum momento da conversa, conforme esses assessores, foi citado o ministro Alexandre de Moraes, do STF, penalizado pelas sanções americanas, nem o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo julgamento motivou parte da reação da Casa Branca contra o Brasil.

Lula também teve boa relação com o democrata Barack Obama, lembram auxiliares. Em abril de 2009, o então presidente dos EUA disse que o brasileiro era “o cara”, em frase que foi explorada pelos petistas na ocasião.

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