ELEIÇÕES 2022

Lula reúne aliados para desatar nós e resistências em estados-chave

Principais obstáculos estão no PSB, partido do vice do petista, o ex-governador Geraldo Alckmin

LulaLula - Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Em meio a impasses na formação de palanques nos maiores colégios eleitorais do país, o ex-presidente Lula (PT) fará nesta segunda (23) a primeira reunião do comitê de coordenação-geral da campanha presidencial, grupo que reunirá representantes dos sete partidos que declaram apoio à sua candidatura.

E é justamente no PSB, partido que abrigou o candidato a vice de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin, que estão as resistências mais importantes, com aumento da tensão na última semana em dois dos mais importantes colégios eleitorais do Brasil: Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O comitê precisa também desatar nós que se prolongam em São Paulo, Pernambuco e Santa Catarina.

A reunião contará com Lula, Alckmin e dois representantes de cada sigla da coligação: PT, PSB, Solidariedade, PSOL, PCdoB, PV e Rede. Entre os participantes estarão lideranças de São Paulo, considerado o principal nó para o ex-presidente, como o ex-governador Márcio França (PSB).

França e o pré-candidato do PT, Fernando Haddad, mantêm o discurso de que a tendência é de manutenção das duas candidaturas, embora reconheçam que o cenário ideal, para a campanha de Lula e para as chances de vitória no estado, seria uma chapa única.
 

Por conta do peso de São Paulo, onde vive um a cada cinco eleitores no país, o entrave nas conversas entre PT e PSB contribui para manter arestas entre as duas siglas Brasil afora. No Rio, Lula declarou apoio à pré-candidatura de Marcelo Freixo (PSB) ao governo, mas a disputa pela vaga ao Senado tem sido o obstáculo para o andamento da campanha. O PT lançou o deputado estadual André Ceciliano, também com o aval de Lula. Já o PSB mantém a candidatura do deputado federal Alessandro Molon.

No PT, enquanto o diretório fluminense defende Ceciliano, caciques petistas criticam a postura do presidente da Assembleia Legislativa (Alerj) por sua proximidade com o governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro. Na avaliação desses petistas, Ceciliano “tem que ter lado”. No PSB, parte das lideranças vê com simpatia a candidatura de Molon, que preside o diretório estadual, e trata Freixo com ressalvas por ser um nome recém-chegado ao partido.

Interlocutores de Freixo dizem que a indefinição atrapalha sua associação a Lula, vista como crucial para a campanha. Petistas com assento na direção nacional do partido, mas sem voz de decisão na campanha presidencial, apostam que uma pesquisa contratada pelo partido na semana passada, para medir a força de Bolsonaro e de Lula no Rio, poderia balizar a retirada do nome de Freixo. Nesse caso, o pretexto é atrair partidos que hoje estão fora da aliança nacional petista, como o PSD, do prefeito Eduardo Paes, que já mostrou interesse no apoio de Lula a seu pré-candidato ao governo, Felipe Santa Cruz.

— O Rio está precisando de um freio de arrumação. Não vejo que o problema seja a candidatura do Molon, mas sim o melhor arranjo para ampliar a candidatura do Lula — argumentou o secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto.

No cenário gaúcho, incomodado com a pré-candidatura de Edegar Pretto (PT), o PSB agora acena com uma aliança com o PDT, para dar palanque a Ciro Gomes. O ex-deputado Beto Albuquerque, nome do PSB ao governo, afirma que ele e Ciro se apoiam mutuamente, e que o PT “parece que guarda rancor” contra seu partido.

— Tentei de todas as formas liderar uma frente de esquerda. Não vou assumir compromisso com quem não me apoia. O PT teria que fazer uma terapia coletiva para tratar esse rancor. A aliança nacional está consolidada, mas talvez Lula não tenha o apoio que poderia nos estados, por conta dessa insistência do PT contra o PSB em alguns locais — afirmou Albuquerque, que tem um histórico distanciamento dos petistas no estado.

Também na região Sul, há concorrência entre candidatos de PT e PSB em Santa Catarina. Na eleição catarinense, Lula já declarou querer que os pré-candidatos Décio Lima (PT) e Dario Berger (PSB) caminhem juntos.

Em Pernambuco, PSB e PT chegaram a um acordo para a sucessão do governador Paulo Câmara (PSB), mas a aliança criou um palanque paralelo de Lula. A deputada federal Marília Arraes trocou o PT pelo Solidariedade, que abrigou sua pré-candidatura ao governo.

Nas últimas semanas, o ex-presidente já enquadrou o PT em estados como Minas, onde atuou pela retirada da candidatura do petista Reginaldo Lopes ao Senado para garantir composição com o PSD, de Alexandre Kalil, postulante ao governo. A tendência é que Lula também atue para que o PT do Maranhão apoie e a reeleição do governador Carlos Brandão (PSB), que assumiu o cargo após a renúncia de Flávio Dino (PSB), pré-candidato ao Senado.

Veja também

Lula inaugura Hemobrás e unidade da Adutora do Agreste na próxima quinta (4)
BLOG DA FOLHA

Lula inaugura Hemobrás e unidade da Adutora do Agreste na próxima quinta (4)

Castro 'corta' Lula de foto com Macron mas mão de presidente aparece
BRASIL

Castro 'corta' Lula de foto com Macron mas mão de presidente aparece

Newsletter