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CÚPULA

Lula terá postura crítica às exigências dos europeus no acordo entre Mercosul e UE

Presidente embarca neste sábado (15) para a Bélgica, para participar da Cúpula Celac - União Europeia

Presidente Lula no Foro de São Paulo Presidente Lula no Foro de São Paulo  - Foto: Brenno Carvalho

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca neste sábado (15) para Bruxelas, na Bélgica, onde participará da cúpula de líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos  (Celac) e da União Europeia (UE). Segundo interlocutores do governo, Lula adotará um discurso crítico, ao reforçar que não aceita os termos do texto adicional, proposto pelos europeus no último mês de março, ao acordo comercial entre UE e Mercosul. Ele anunciará ao dirigentes do bloco que aprovou, nesta sexta-feira, uma contraproposta do Brasil para o documento.

A menção de Lula ao acordo ocorre em um momento de impasse. O  governo brasileiro considera uma ameaça a sider letter apresentada pelos europeus, porque o documento prevê sanções comercias em caso de descumprimento de compromissos ambientais. Outro motivo de insatisfação é uma lei aprovada pelo Parlamento Europeu que proíbe a importação de produtos de áreas desmatadas, o que afetaria commodities importantes vendidas pelo Brasil, como carnes, café, cacau e soja.

A proposta do Brasil já foi distribuída aos demais sócios do Mercosul e, assim que o bloco tiver uma posição, será negociada com a UE. Em um encontro na manhã de segunda-feira com a presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen, e altos representantes do Parlamento e do Conselho europeus, Lula vai defender que, em vez de sanções, os dois blocos trabalhem em parceria em programas ambientais, incluindo projetos patrocinados pelo Fundo Amazônia. Ele deve ressaltar que o desmatamento já caiu mais de 30% nos primeiros meses de governo.

As negociações, concluídas em meados de 2019 no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, serão reabertas em outro capítulo: o que dá isonomia no tratamento a empresas brasileiras e europeias em compras governamentais. Lula quer ajustes no texto, sob a alegação de que é preciso dar maior capacidade às firmas nacionais em sua política industrial e estimular o setor farmacêutico e de equipamentos usados pelo SUS.

Já os europeus esperam que Lula e os demais integrantes do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) demonstrem vontade política para fechar o acordo ainda este ano ou até o início de 2024. Conforme o embaixador da UE no Brasil, Ignácio Ybáñez, disse que a cúpula de Bruxelas não é o ambiente para uma negociação, mas é preciso que todos os líderes indiquem seu compromisso com o acordo.

A CÚPULA CELAC-UNIÃO EUROPEIA
Foram convidados os 33 mandatários dos países da América Latina e Caribe e os 27 europeus, totalizando 60 países para a Cúpula Celac-União Europeia. A última reunião entre líderes das duas regiões ocorreu em 2015.

Os temas a serem discutidos refletem a realidade da agenda internacional. Mudança do clima, comércio e desenvolvimento sustentável, inclusão social, recuperação econômica pós-pandemia, transição energética, transformação digital justa e inclusiva, migrações, reforma da arquitetura financeira mundial e luta contra o crime organizado estão entre os mais importantes.

Diante do grande número de líderes, a ideia é que a declaração seja "curta e resumida". Um ponto de divergência na elaboração do documento final do evento diz respeito ao apoio explícito à Ucrânia no documento proposto pelos europeus e rechaçada por países da América Latina, entre os quais o Brasil.

Lula terá uma série de reuniões bilaterais, cujo número ainda está sendo fechado. Além da presidente da Comissão Europeia, ele deverá ter encontros com representantes da Suécia, da Dinamarca, da Áustria e da Bélgica. Até ontem, o governo não sabia informar se o presidente retornará ao Brasil na noite de terça-feira ou na quarta-feira, devido à intensa agenda.

Em seguida, ainda na terça-feira, Lula participará da abertura de um encontro entre empresários das duas regiões. Também estarão presentes líderes políticos e representantes de bancos de desenvolvimento. Estarão na pauta investimentos em áreas como energias renováveis, transporte, infraestrutura, digitalização e conectividade.

No dia seguinte, o presidente participará do café da manhã com líderes progressistas de países como Argentina, Chile, Colômbia, Portugal, República Dominicana, Alemanha, Dinamarca e Espanha. Depois, ele vai almoçar com os representantes da Celac e da UE e, momentos antes de embarcar de volta ao Brasil, dará uma coletiva à imprensa.

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