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Marielle Franco

Macalé, intermediário entre mandante e Ronnie Lessa, foi citado em relatório da CPI das Milícias

PM, executado em 2021, foi apontado por deltator como responsável por levar a "missão" ao assassino de Marielle e Anderson

Edimilson Oliveira, o Macalé, foi executado em Bangu, em 2021. Edimilson Oliveira, o Macalé, foi executado em Bangu, em 2021.  - Foto: Reprodução

Apontado pelo delator Élcio Queiroz como sendo o responsável por intermediar a contratação de Ronnie Lessa para planejar e executar o assassinato da vereadora Marielle Franco, o policial Edimilson Oliveira da Silva, o Macalé, é citado no relatório da CPI das Milicias como membro da organização paramilitar que atuava na região de Campinho, das comunidades do Fubá e da Pedra Rachada e em Osvaldo Cruz, todas na Zona Norte do Rio. O grupo teria como líderes o PM Marcos Vieira Souza, o Falcon — presidente da Portela, assassinado a tiros em setembro de 2016, em Madureira — e o também policial militar conhecido como Janjão. No relatório, Macalé aparece como integrante da milícia em Osvaldo Cruz com mais duas pessoas identificadas como Geison e André Peçanha.

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), concluída em novembro de 2008, cita que a milícia comandada por Falcon e Janjão promovia, na região, a “exploração irregular de serviços” como segurança de moradores e comerciantes, venda de gás, ligações clandestinas de TV a cabo, Lan Houses com acesso à internet e cobrança de taxa de 30% na venda de imóveis. Apesar de citado no texto, Macalé não entrou na lista de 226 indiciados no relatório final da CPI, que teve como presidente e relator, respectivamente, os então deputados estaduais Marcelo Freixo e Gilberto Palmares.

De acordo com a delação de Élcio Queiroz, a contratação de Ronnie Lessa para matar a vereadora Marielle Franco teria sido intermediada por Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé. Ele era sargento reformado da Polícia Militar e foi executado em novembro de 2021, aos 54 anos. À época, testemunhas contaram que ele caminhava pela Avenida Santa Cruz, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, em direção ao seu carro, uma BMW, quando foi abordado por homens em um veículo branco. O policial foi atingido por vários disparos e morreu no local.

O delator disse ainda que Macalé teria participado das "campanas" feitas para vigiar os passos de Marielle na preparação para o crime. "Inclusive foi através do Edimilson que trouxe... vamos dizer, esse trabalho pra eles; essa missão pra eles foi através do Macalé que chegou até o Ronnie", disse Queiroz aos investigadores.

Durante as investigações foram identificadas ligações entre Ronnie e Macalé que coincidem com ligações entre Macalé e Maxwell Simões, o ex-bombeiro preso na operação realizada nesta segunda-feira. Essas ligações teriam se intensificado nos dias imediatamente após o crime. Macalé era de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio, e era suspeito de ter ligação com a contravenção. No momento da execução, Macalé estava com uma pistola Glock, calibre 45. Nem a arma, nem os documentos do policial foram roubados na ação.

A Polícia Federal e o Ministério Público do Rio deflagraram nesta segunda-feira a Operação Élpis, na primeira fase de uma nova investigação sobre os homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e a tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves, no Centro da capital fluminense, em março de 2018. Em coletiva nesta manhã, o ministro da Justiça. Flávio Dino, revelou informações dadas por Élcio Queiroz durante uma delação premiada, há 15 dias. Nela, ele confessou que dirigiu o carro usado no ataque e confirmou que Ronnie Lessa fez os disparos. O delator afirmou ainda que ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, o Suel. fez campanas para descobrir a rotina de vereadora.

De acordo com a PF, foi cumprido um mandado de prisão preventiva. O alvo é o ex-bombeiro. Ele passou a ser suspeito de participar do planejamento do homicídio da vereadora. Apontado como cúmplice do sargento da reserva da Polícia Militar Ronnie Lessa, acusado do duplo homicídio, o sargento já havia sido preso em junho de 2020 durante a Operação Submersos II. Segundo o MP, Maxwell era o dono do carro usado para esconder as armas que estavam num apartamento de Ronnie Lessa. Nesta nova fase, o ex-bombeiro é acusado de ter vigiado e acompanhado os passos de Marielle antes do crime.

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