Política

Maia diz que candidatura de Temer é problema do Planalto

O presidente da Câmara disse que a relação entre ele e o Planalto se dará "sempre de forma harmônica", mas disse que cada um deve cuidar de suas atribuições.

Presidente da  Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ)Presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) - Foto: Marcos Corrêa/PR

Em rota de colisão com o governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira (21) que a pretensão do presidente Michel Temer de disputar a reeleição é um problema do Palácio do Planalto e não dele. "Isso é um problema de lá. Eu não reclamei que eles estão querendo cuidar dos projetos de cá? Deixa eles cuidarem de lá e a gente cuida de cá", disse Maia em conversa com jornalistas.

O presidente da Câmara disse que a relação entre ele e o Planalto se dará "sempre de forma harmônica", mas disse que cada um deve cuidar de suas atribuições. "Quem escolhe a pauta da Câmara é a Câmara, quem escolhe a pauta do governo é o governo", afirmou. Maia irritou-se com o governo na semana passada, quando não foi consultado sobre a decisão de se editar um decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro.

Nesta semana, ele voltou a se indispor com o Planalto depois que o governo apresentou uma lista de 15 pautas requentadas na área econômica para ocupar o espaço deixado com o enterro da reforma da Previdência. Ele bateu de frente novamente com Temer quando o presidente propôs a criação de um imposto para segurança pública.
"Falei para ele [Temer]: não dá. O senhor acabou de decretar uma intervenção. Não pode aprovar emenda constitucional", afirmou.

Questionado se havia se oposto ao tributo apenas por ser uma PEC (proposta de emenda à Constituição) ou também por se opor à criação de novos impostos, Maia foi irônico.
"Sou um cara muito educado. Só precisei ficar na parte que a intervenção proibia a PEC", disse o presidente da Câmara. "Aqui na Câmara não passa a criação de nenhum imposto."

E, ainda ironicamente, propôs que o governo reduzisse suas despesas. "Podemos começar reduzindo o número de ministérios", declarou.

Leia também:
Temer é opção para ser candidato a presidente, diz Jucá
Intervenção no Rio de Janeiro não é agenda eleitoral, diz porta-voz de Temer
Temer rebate Lula e nega 'significação eleitoral' em intervenção

Agenda econômica
Da lista de propostas do governo para a área econômica, Maia afirmou que pretende votar na semana que vem a reoneração da folha de pagamento para empresas de 50 setores e disse que a comissão que trata da proposta de privatização da Eletrobras começa a trabalhar também na próxima semana, com previsão de levar o texto para plenário na segunda quinzena de abril.

Maia disse também que está estudando uma maneira de levar adiante uma proposta para diminuir o engessamento dos gastos públicos. O texto seria uma PEC, mas a intervenção no Rio impede que se modifique a Constituição. Agora, ele quer tentar aprovar algo por meio de projeto de lei.

"Eu não saí da minha agenda de reorganizar as despesas. Quem saiu foi o governo. Eu continuo estudando com calma. Só vou apresentar as propostas quando tiver isso bem debatido com os líderes, com os deputados e com alguns economistas que possam introduzir uma agenda que ajude as contas públicas", disse Maia.

Veja também

Relator das faixas salariais alerta Governo para possível derrota; entenda
Pernambuco

Relator das faixas salariais alerta Governo para possível derrota; entenda

Lula tira o corpo e culpa auxiliares pela gestão ruim; confira a coluna desta terça (23)
CLÁUDIO HUMBERTO

Lula tira o corpo e culpa auxiliares pela gestão ruim; confira a coluna desta terça (23)

Newsletter